Paraná

Luzes da Cidade

Conto | O algoritmo do humano

"As azaleias espantavam más memórias"

Londrina (PR) |
As azaleias espantavam más memórias - Arte: Vanda Moraes

As azaleias espantavam más memórias. Três anos! Passado terrível. O cheiro dela cativava. Eram 19h30 e ainda fazia sol. Tinham todo o tempo do mundo. E, ele se desafiaria.

- Não vai ficar com medo?

- Não...! Como prometi, vou com você.

Ele não gostava de ser julgado assim.

- É por aqui – Ela arrombava a porta e os passarinhos revoavam, espantando fantasmas. A casa era linda e velha, parecendo esconder tesouros. Quando criança sempre estavam lá com o Artífice, o velhinho bonzinho que fazia fantasias, ventríloquos e máscaras. Ele morrera sem ninguém. Especulavam sobre os filhos. Mas eles dois sempre achavam que eram os verdadeiros herdeiros.

- Olha esse quarto! Ainda maravilhoso! – ela vestia uma máscara de elefante. Os rancores passavam e de alguma forma a via diferente. Suas inseguranças se desvaneciam. Ela era honestamente triste. E, nisso tomava o chapéu verde de Peter Pan e tocava a flauta doce.

- Quem é você? – ela gritava regozija, como se um encanto fora renovado.

E o terrível e o gozo saudavam a fina película do algoritmo do humano.

Edição: Pedro Carrano