Paraná

Vacinação

Sindicato cobra transparência do governo do PR sobre acordos para produção de vacina

Estado poderia produzir vacina, mas acordo com a Rússia foi interrompido

Curitiba (PR) |
"Temos vacina. E, agora?", foi o tema do Programa Quarta Sindical, neste dia 27/01 - Divulgação

O Programa Quarta Sindical, parceria entre CUT Paraná e Brasil de Fato Paraná, debateu nesta quarta (27) o início do processo de vacinação no Paraná. Como debatedores, participaram a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública (SindSaúde-PR), Olga Estefânia, e o médico e membro do setorial de saúde do PT, Mário Lobato. Entre os temas tratados, estiveram a falta de transparência do governo estadual e a interrupção das tratativas do Paraná com países como a Rússia para a produção de vacinas no estado.

A presidenta do SindSaúde, Olga Estefânia, destacou que o sindicato vem cobrando que o Governo de Ratinho Júnior (PSD) dê transparência sobre as tratativas que foram feitas com outros países, como a Rússia, para a produção de vacinas. “O governo do estado não deu transparência para a população sobre as tratativas com o governo da Rússia. Em julho de 2020, por exemplo, foi gerado um memorando de entendimento com o Fundo de Investimento direto da Rússia para ampliar a Cooperação Técnica para a produção da vacina pelo Paraná.”

Em agosto de 2020, o governo do Paraná assinou acordo com o Instituto Gamaleya, órgão de pesquisa do governo da Rússia que desenvolveu o imunizante, para que a vacina fosse produzida no Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). Pelo plano original, o Gamaleya entregaria a documentação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro, para que já em outubro iniciasse a fase 3 de testes com voluntários paranaenses. Mas nada disso aconteceu.

O presidente do Tecpar, Jorge Calado, chegou a mencionar em 2020 que o Instituto teria totais condições para produzir vacinas. Ratinho Jr, no entanto, no dia 1 de janeiro de 2021, disse à imprensa, sem dar maiores detalhes, que o acordo não foi para frente.

Para a sindicalista, o governo precisa explicar para a população o que aconteceu com esse acordo, já que o Paraná tem potencial para auxiliar o país na produção de vacinas. “Temos pelo menos três instituições que poderiam produzir vacinas aqui no Paraná; o Tecpar, o Instituto Carlos Chagas, que é um braço da FioCruz, e o Instituto de Biologia Molecular. Mas é preciso saber do governo o que aconteceu, por que os acordos não foram para frente. Lembrando que há recursos no Estado para a produção das vacinas”, disse.

Curitiba não inclui Conselho Municipal da Saúde na gestão das vacinas

O médico Mario Lobato, que trabalhou por 30 anos junto ao Ministério da Saúde, afirmou que os processos de falta de transparência e participação da sociedade civil nos Comitês Técnicos é um entrave grande para aceleração do processo de imunização. “Vou dar o exemplo aqui da Prefeitura de Curitiba. Temos um Comitê Central para tratar dos assuntos de combate ao coronavírus, em que a composição é a Secretária Municipal de Saúde e mais dois funcionários dela. Não autorizaram a participação de integrantes do Conselho Municipal de Saúde” explicou o médico.

Para Mário, todos os governos desde o federal até o municipal estão andando na contramão de tudo o que foi feito até aqui no que se refere à gestão das vacinas. “A história do próprio Sistema Único da Saúde – SUS - tem a ver com o pensar sobre o outro, pensar a coletividade. O espírito deste sistema é universal, pra que todos tenham acesso à saúde pública. A gente, portanto, veio desenvolvendo uma série de atividades e programas com base neste espírito, virando referência mundial. Antes de criar o SUS, que tem 30 anos, já tínhamos um sistema de imunização passando também a ser referência para o mundo. Poucos países têm a quantidade de imunizantes que oferecemos gratuitamente à população”, lembrou.  “Temos toda uma expertise consolidada e que, simplesmente, não está sendo aproveitada por estes governos. Atualmente, temos um plano bastante razoável, mas a execução tem sido um desastre. Passamos de referência para vergonha mundial”, complementou Mario.

O programa Quarta Sindical vai ao ar todas as quartas, às 11h30, ao vivo, na página de Facebook do Brasil de Fato Paraná e no canal do YouTube.

 

 

 

 

Edição: Lia Bianchini