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OESTE DO PARANÁ

Guaíra: Polo Base é ocupado em protesto contra precariedade da saúde indígena

Outra expectativa dos caciques da região é para imunização das comunidades no combate a Covid-19

Curitiba (PR) |
Cerca de 20 lideranças de aldeias de Guaíra e Terra Roxa, entre caciques e agentes de saúde, participaram do protesto - Ilson Soares

A precariedade da saúde indígena na região Oeste do Paraná levou o povo Avá-Guarani a ocupar nesta quinta-feira (21) a unidade do Polo Base de Saúde do município de Guaíra. Cerca de 20 lideranças de aldeias de Guaíra e Terra Roxa, entre caciques e agentes de saúde, participaram do protesto com o objetivo de chamar atenção das autoridades e órgãos competentes para um problema antigo enfrentado pelas comunidades.

A principal reivindicação é o aumento do quadro de funcionários do Polo Base de Guaíra. Segundo os caciques, esse é um comprometimento da coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Litoral Sul, com sede em Curitiba. “Esse nosso pedido não é de hoje, faz tempo que temos relatado que o número de funcionários do Polo não é o suficiente para atender nossas comunidades. Nós já conversamos com o Distrito [DSEI Litoral Sul], que se comprometeu em várias reuniões atender esse pedido, mas nada de concreto foi feito até agora. Por isso novamente estamos aqui”, destacou Ilson Soares, cacique da aldeia Tekoha Yhovy, em Guaíra.

No Paraná existe cinco polos vinculados ao DSEI Litoral Sul. Eles são a primeira referência para as equipes multidisciplinares de saúde indígena que atuam nas aldeias. Cada polo cobre um conjunto de aldeias de cada região. Essas equipes devem contar com médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem, agentes indígenas de saúde (AIS) e  agentes indígenas de saneamento (AISAN).

Atualmente o Polo de Guaíra conta com um médico, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e uma auxiliar para atender 15 aldeias, equivalente a cerca de 3,2 mil indígenas. “Em uma situação normal já temos precariedade, em uma situação de pandemia como estamos vivendo as comunidades estão ainda mais vulneráveis e nossas demandas se tornam mais urgentes”, alerta Ilson Soares. “Não temos queixas contra a Sesai, mas precisamos deste aumento do quadro”, acrescenta Gabriel Martinez, outra liderança que participou da mobilização.

Em documento enviado ao coordenador do DSEI Litoral Sul, Valter Viana, as lideranças indígenas do Oeste do Paraná apontam a necessidade de contratações de mais três técnicos de enfermagem, mais um médico com carga horária de 40 horas, um dentista com carga de 40 horas e um auxiliar de dentista.

Vacinação

Outra expectativa dos caciques da região é para imunização das comunidades no combate a Covid-19. Na quarta-feira (20), começou a imunização da população indígena, um dos grupos prioritários. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), serão imunizados 10.816 indígenas com mais de 18 anos mapeados em 30 municípios do Estado.

No Oeste já foi iniciada a vacinação em aldeias de Itaipulândia e Terra Roxa. “Ontem [quinta-feira] uma equipe de Curitiba veio passar orientações sobre o cronograma e hoje [sexta-feira] acontecerá uma reunião para tratar desse assunto. Em Terra Roxa iniciamos nesta sexta-feira [22] a vacinação e esperamos que até segunda-feira [25] inicie em Guaíra”, conclui Ilson Soares.

Edição: Pedro Carrano