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‘Coronacapitalismo’: Mais pobreza e desigualdade em 2021

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As filas para entrar em estabelecimentos ou para realizar atividades diárias cotidianas são reflexos da situação de crise econômica - Michele de Mello / Brasil de Fato
A pandemia de Covid-19 aumentará ainda mais essas desigualdades globais em 2021

A crise estrutural e sistêmica do capitalismo, agravada pela pandemia do novo coronavírus, arrastou milhões de seres humanos para a extrema pobreza, provocando mais desigualdade em escala global em 2020. Em contraste, um punhado de famílias biliardárias acumulou mais renda e riqueza.

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início de dezembro, cerca de 235 milhões de pessoas irão precisar de assistência humanitária em 2021. O documento alerta que “a pobreza extrema aumentou pela primeira vez em 22 anos”, afetando severamente as condições de vida de amplos contingentes populacionais.

A ONU prevê ainda que no final deste ano 736 milhões de pessoas poderão estar em situação de pobreza extrema, com menos de 1,60 euros por dia para sobreviver. Estimativas apontam também que a pandemia de Covid-19 provocou uma perda equivalente a 495 milhões de postos de trabalho só no segundo trimestre de 2020.

O fosso entre os países mais ricos e os países pobres ficou maior em 2020: Os bancos centrais dos Estados Unidos e dos países europeus avançaram na compra de trilhões de euros em dívida pública, enfraquecendo as combalidas economias dos países pobres ou em desenvolvimento – com moedas nacionais mais desvalorizadas e reservas cambiais esgotadas.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os países de baixa renda já abrigam 14% da população mundial e metade dos pobres do mundo que vivem com menos de US$ 1,9 por dia. A pandemia de Covid-19 aumentará ainda mais essas desigualdades globais em 2021 – e com efeitos duradouros ao longo da década.

As fantasiosas esperanças por um capitalismo minimamente autorregulado pós-pandemia apenas indicam um ingênuo desejo, sem qualquer base na realidade depois de um ano da eclosão em Wuhan da doença provocada pelo Sars-CoV-2. As teorias sobre a necessidade da arquitetura de uma espécie de Plano Marshall, para resgatar a economia global dos escombros, não encontraram maiores defensores entre os que detêm a riqueza e o poder.

Dados mais recentes do Índice Bloomberg Billionaires, que classifica diariamente as pessoas mais ricas do planeta, revelam que a fortuna desse minúsculo grupo de bilionários apresentou um crescimento de 31% em 2020 em comparação com levantamento feito em 2019. Segundo a Bloomberg, o mercado de ações foi a via escolhida para a acumulação de mais ganhos durante a pandemia pelos donos das corporações transnacionais e especuladores financeiros profissionais.

O resultado de anos de vigência de ajustes neoliberais também minou os sistemas públicos de saúde e de amparo social no centro e na periferia do capitalismo – o que impactou duramente na atribulada existência das camadas mais pobres da população em meio à pandemia de Covid-19.

No geral, os Estados nacionais capitalistas foram incapazes de enfrentar o domínio dos oligopólios na economia, tributar em larga escala as grandes fortunas, produzir políticas emergenciais de retomada e fomento da economia, evitar o colapso do emprego formal e a volta do flagelo da fome. A pandemia pôs a nu a exclusão e o impasse estrutural do sistema em garantir o direito à vida digna para milhões de habitantes do planeta.

A barbárie capitalista-neoliberal bate às nossas portas em 2021. Portanto, nunca foi tão atual a disjuntiva socialismo ou barbárie.

Edição: Pedro Carrano