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Ratinho Jr e as técnicas de comunicação de extrema-direita

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ratinho jr governador paraná
Governador Ratinho Jr - AEN
O gabinete do ódio do governador “vendeu” a imagem como fosse um falso milagre!

O governador Ratinho Jr (PSD) vem superando seu antecessor Beto Richa (PSDB) no uso da comunicação social do Palácio Iguaçu, no que se refere à distorção e à mentira como método de gestão.

São vários os exemplos, inclusive da forma como o governo tentou manipular a opinião pública durante as duas greves dos/as servidores/as ocorridas em 2019, primeiro ano do atual governo. Porém, quero me ater neste espaço à forma criminosa como esse governo vem tentando descaracterizar a greve de fome realizada entre os dias 19 a 26 de novembro, por professores/as e funcionários/as da rede estadual de educação do Paraná.

Depois de fingir ignorar a greve e determinar silêncio sobre a mesma ao conjunto do governo, à base governista na Assembleia Legislativa do Paraná e à imprensa patrocinada por recursos públicos, o governador tenta se ater à narrativa de promover o descrédito público sobre a manifestação extrema que marca esse seu segundo ano de mandato.

No dia 30 de novembro, o governo disponibilizou para a RIC TV imagens da greve de fome ocorrida sob a marquise do Palácio Iguaçu. Editaram um trecho em que a fotógrafa e artista de teatro Juliana Luz realiza uma tomada fotográfica com um professor na cadeira de rodas que foi utilizada por recomendação médica durante a greve.

Como após a foto o fotografado se levanta e caminha, aproveitaram essa cena para promover uma manipulação que traz os traços da linha doutrinária da comunicação da qual Ratinho Jr se alimenta. Um verdadeiro papelão governamental tentando promover um falso escândalo público, totalmente despudorado e lamentável em todos os aspectos. Tentaram criminalizar não só os participantes do movimento legítimo de denuncia mas também a fotografa que tem sido achincalhada e ameaçada nas redes sociais. O gabinete do ódio do governador “vendeu” a imagem como fosse um falso milagre! Fica evidente a linha machista que é uma das marcas dessa chamada “nova política”.

Fosse um homem o fotógrafo não teriam acirrado esse aspecto da falsa notícia.

Alinhado com a linha nacional do bolsonarismo mais abjeto a ação do governador Ratinho Jr, foi compartilhada aos milhares em redes sociais como a do deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), e também do Senador Flavio Bolsonaro (Patriotas-RJ), que aliás se aproveita dessas manipulações para evitar dar explicações às inúmeras denuncias de corrupção da qual é acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Nesta semana, a direção e jurídico da APP-Sindicato acompanhou a fotógrafa e o professor PSS, Edmilson José da Silva em registro de Boletim de Ocorrência junto ao Nuciber – Departamento da Polícia Civil – Núcleo de Combate aos Cibercrimes no Paraná.

Sim, essa forma mentirosa de comunicação será denunciada em toda parte. Em nome da verdade não tememos e jamais nos calaremos. Em 2015, Beto Richa chamou o consultor de crise, jornalista Mario Rosa, que orientou para que fosse utilizada essa doutrina mentirosa na comunicação palaciana, sobre as lutas de resistência, especialmente a crise de Richa pós massacre do 29 de abril. O próprio jornalista registrou a passagem em que orienta o então governador a criminalizar os dirigentes sindicais, acusando-os de petistas e cutistas, para aproveitar o desgaste que o lavajatismo vinha promovendo na política brasileira. Essa passagem está publicada no livro “Entre a glória e a vergonha – memórias de um consultor de crises – Mario Rosa. Nos mantivemos na linha da verdade e o tempo se encarregou de depurar os processos. O governador mentiroso e ex-presidiário, por ora, se encontra no ostracismo, abandonado por todos, inclusive por Ratinho Jr, sua cria direta. Esse episódio traz um aspecto muito salutar, como a mentira promoveu essa nova direita, negacionista, terraplanista e odiosa. Restabelecer a defesa de uma retomada democrática e de preservação dos direitos sociais exigirá uma comunicação pautada sempre na ética, na verdade e na transparência. Lutar jamais será em vão e o Brasil e o Paraná exige cada vez mais compromisso democrático individual e coletivo.

Edição: Pedro Carrano