Paraná

Litoral

Revitalização da orla de Matinhos é questionada por pesquisadores da UFPR

Projeto pode causar danos ambientais e humanos, alertam pesquisadores

Curitiba (PR) |
Projeto do governo do Paraná prevê R$ 512 milhões para obras de revitalização da orla de Matinhos - Denis Ferreira Netto/IAP

“Graves consequências ambientais, paisagísticas e financeiras [...] assim como para a qualidade de vida da população afetada”. Esse é o alerta que pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fazem sobre os possíveis resultados da revitalização da orla de Matinhos proposta pelo governo do Paraná.

No último dia 16, o governador Ratinho Junior (PSD) anunciou um pacote de investimentos em infraestrutura de R$ 1,6 bilhão. A maior concentração da verba é para a revitalização da orla de Matinhos, com obras previstas em R$ 512 milhões.

O projeto prevê o engordamento da orla, com a utilização de três milhões de metros cúbicos de areia em três trechos, obras de pavimentação e paisagismo, estruturas marítimas para manutenção da areia e um novo canal em Saint Etienne para contenção de cheias. A intenção é que as obras comecem em 2021.

No entanto, em nota técnica divulgada em 30 de novembro, 17 pesquisadores da UFPR questionam a eficiência das obras. Para eles, o projeto tem “inconsistências técnicas”, que podem, a longo prazo, “protelar a solução dos problemas ou até mesmo intensificá-los ou transferi-los para outras localidades do litoral paranaense”.

“O conjunto de projetos [...] afetará as dinâmicas de uso e ocupação urbana do município de Matinhos, com repercussões sobre a valorização da terra e potencial alteração de zoneamento urbano, entre outros aspectos cabíveis à agenda municipal”, apontam. O grupo lembra ainda que obras de grande porte e impacto ambiental devem ser legitimadas pelos conselhos municipais de meio ambiente.

Para o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná, no entanto, o projeto executivo está definido e não existe possibilidade de alteração. "Estamos trabalhando em relação ao licenciamento ambiental que vai permitir a execução. Hoje não existe possibilidade de fazer alteração. Está concluído e vai ser aplicado naquela área", afirma o presidente do IAT, Éverton Souza. 

Edição: Frédi Vasconcelos