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Crise

União de Moradores e Trabalhadores protesta contra sobrecarga na saúde em Curitiba

Não foram feitos concursos e gestão optou por abandonar os pacientes de outras patologias, analisa servidora municipal

Curitiba (PR) |
Associações de moradores realizaram panfletagem na segunda (7), às 6h, em frente à US Aurora, no bairro Novo Mundo, em Curitiba - Divulgação

O prefeito reeleito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), desativou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Fazendinha para uso externo do Hospital do Idoso para Covid-19. Isso aconteceu sem consulta ao Conselho Municipal de Saúde, aponta a União de Moradores/as e Trabalhadores/as do bolsão Formosa, localizada no bairro Novo Mundo, em Curitiba, envolvendo associações de moradores impactadas pelas mudanças no atendimento à saúde em Curitiba.

De acordo com a organização, a ação deixou os moradores das vilas Formosa, Maria e Uberlândia, Ferrovila, São Jorge, Candinha, vila Estrela, vila Nina, Santa Amélia, vila Rigoni, vila Sandra, Independência, Itatiaia, vila Rosinha, dentre outras comunidades, nos bairros Novo Mundo e Fazendinha, sem assistência, com longas demoras em filas e sobrecarga nas unidades de saúde.

A mesma situação aconteceu com a UPA Boqueirão, de destino para uso externo clínico de retaguarda do Hospital do Idoso. Foram suspensas também todas as consultas de especialidades nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

A prefeitura de Curitiba também fechou a Unidade de Saúde Vila Feliz e, em plena pandemia, unificou os atendimentos dessas regiões na Unidade de Saúde Aurora, ocasionando aglomeração. Por conta disso, associações de moradores realizaram panfletagem na segunda (7), às 6h, em frente à US Aurora, no bairro Novo Mundo, debatendo com a população e pressionando o poder público por medidas.

"Estamos preocupados porque, em lugar de uma política de proteção aos servidores públicos e aos usuários das unidades, o município acaba aglomerando pessoas e cada vez vai precarizando mais o atendimento a nós, que necessitamos do atendimento público de saúde”, afirma Ivan Carlos Pinheiro, da associação de moradores Ferrovila.

Curitiba tem 111 unidades básicas de saúde, todas suspenderam os atendimentos eletivos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 77 unidades estão atendendo apenas urgência, 24 unidades estão fechadas para atendimento externo e outras 10 passaram a ser postos exclusivos de vacinação. No caso das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), são duas fechadas e sete em atendimento.

"Hoje a gente está sofrendo, sim, por conta da pandemia, mas também por falta de planejamento da gestão. Foram precarizados os postos de trabalho, não foram feitos concursos, e agora, desde o início da pandemia, a prefeitura optou por abandonar os pacientes de outras patologias. A gente não está fazendo atenção básica e agora se nega também à urgência e emergência. Como fica? A demanda aumenta, reflete dentro do atendimento", analisa Irene Rodrigues, servidora municipal da saúde.

Edição: Lia Bianchini