Rio Grande do Sul

Política

“Bancada governista está cometendo um delito político muito grave”, afirma Pedro Ruas

Segundo vereador mais votado denuncia armação para excluir a esquerda dos espaços de poder na Câmara de Vereadores

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Bancada de oposição representa, praticamente, um terço de toda a votação para a Câmara - Divulgação

Apesar de somarem 10 das 36 cadeiras, PSOL, PT e PCdoB estão sendo excluídos das conversas para a divisão dos cargos na mesa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O isolamento da oposição já foi uma prática na atual legislatura.

A bancada de oposição ao governo Melo representa quase 75 mil votos de porto-alegrenses que elegeu, pela primeira vez, uma Câmara mais diversificada em relação ao gênero, com 11 vereadoras, e raça, são quatro vereadoras negras e um negro. Além disso, a soma dos votos proporcionais de PSOL, PT e PCdoB representam, praticamente, um terço de toda a votação para a Câmara.

O ex-vereador e ex-deputado estadual Pedro Ruas (PSOL), segundo mais votado em 15 de novembro, assumiu a liderança do grupo de oposição e tenta, sem sucesso, negociar com os demais vereadores a participação de PSOL, PT e PCdoB no comando da Mesa.

Pedro Ruas lamenta profundamente o retrocesso vivido na Câmara de Vereadores. “O regimento da Casa fala em proporcionalidade. E como que querem excluir a maior votação de todas as bancadas e os dois vereadores mais votados dos espaços de poder?”, questiona. Segundo ele, a população avançou nas suas escolhas e está sendo atacada. “Ela que escolheu os seus representantes, e não sabe o que está sendo tramado. A opinião pública vai enxergar o nível da injustiça. Essa direita ideológica quer isolar do poder o que foi o novo nesta eleição: a bancada de jovens negros.”

Pedro Ruas já exerceu cinco mandatos como vereador em Porto Alegre, além de ter sido deputado estadual e secretário de Obras e Saneamento do Estado (1999/2000). Graduado em Direito pela PUC-RS, advoga há 40 anos, especializado na área trabalhista para a defesa dos trabalhadores. Também presidiu a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RS. E segundo ele, em toda sua vida pública, nunca passou por isso, por uma manobra tão articulada.

“Eu não vejo ser possível uma ação tão articulada não passar pelo prefeito eleito. E se o Sebastião Melo não está agindo diretamente, é cúmplice. Isso me constrange, pois fico muito decepcionado”, lamenta.

Ruas questiona ainda o porque dessa tentativa de massacre, como caracteriza a manobra governista. “Isso é um ódio ideológico. Na legislatura passada, os espaços já foram poucos. Estou em meu sétimo mandato. Antigamente nem se cogitaria isso. Essa é uma iniciativa moderna, a busca do isolamento. A política está misturando demais o ideológico com o institucional.”

Ele afirma que seu primeiro sentimento é de tristeza ao retornar seis anos depois pra Câmara e viver isso. “O Executivo é majoritário, quem perde a eleição não tem espaço. Mas o Legislativo é proporcional. Todos devem ter espaço. Representa mais fortemente a população. É um espaço mais representativo que o Executivo. O Legislativo representa 100% dos eleitores. Melo foi eleito com 54,63% de votos. Estamos vendo um delito político muito grave. A população está sendo enganada”, afirma.

O vereador eleito lastima, mas diz que seu segundo sentimento é de combate. “A nossa bancada não vai aceitar esse jogo sujo. Vamos lutar na esfera política e jurídica. O voto da população precisa ser respeitado. Porto Alegre começa mal essa nova gestão. O Melo sabe que não é assim que se governa uma cidade. As consequências serão imprevisíveis. Só vermos o que está acontecendo no país em nível federal”, conclui Ruas.  


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Edição: Marcelo Ferreira