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Gênero é pauta prioritária?

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O dia 25 de novembro foi escolhido pela ONU para marcar o dia internacional da não violência contra a mulher - Giorgia Prates
Não há como combater os efeitos do capitalismo fortalecendo suas estruturas

Essa é uma pergunta que está sendo feita tanto pela esquerda, quanto pela direita. Caso a resposta seja sim, decorrem a segunda e terceira questões: Qual a importância da discussão de gênero? E como construir políticas públicas considerando as relações de gênero?

A esquerda tem por princípio o combate às desigualdades. Já a direita, ao contrário, ocupa-se em manter privilégios e conservar o poder da classe dominante. Mesmo assim, há por parte de algumas lideranças que se dizem progressistas a insistência em argumentar que as pautas raciais, de gênero e sexuais são segregadoras e contraproducentes pois, tiram o foco da classe.

Essas lideranças ignoram que 54,9% da população brasileira é negra e 51,8% da população brasileira é formada por mulheres, ou seja, não podem ser encaradas como pautas minoritárias. Segundo o intelectual Ramon Grosfoguel não há como combater os efeitos do capitalismo fortalecendo suas estruturas, ou seja, o racismo, o machismo, a LGBTFOBIA.

Durante a pandemia a cada nove horas uma mulher é assassinada no Brasil. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) o Brasil é o 5º país em número de feminicídio. O dia 25 de novembro foi escolhido pela ONU para marcar o dia internacional da não violência contra a mulher. Segundo o TSE (2016) as mulheres são 52% do eleitorado, nas eleições municipais de 2016 as mulheres compuseram 31% das candidaturas, em 2020 esse número subiu para 33,6%.

Partidos de esquerda e movimentos sociais que se furtam a esse debate, ou o fazem de maneira demagógica, com argumentos retóricos que nunca atingem a prática de seus integrantes, não serão capazes de construir políticas públicas que visem o combate a violência de gênero, e nesse ponto fortalecem o espectro conservador da política, ou seja, a direita. Encerro esse texto com uma reflexão de Sueli Carneiro que nos adverte sobre as armadilhas da identidade: “Entre a esquerda e a direita eu continuo sendo preta”.

Edição: Pedro Carrano