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Educação

No Ceará, intercâmbio de medicina da UFCA tem maioria de mulheres cabo-verdianas

Cabo Verde é um país africano insular formado em um arquipélago que reúne 10 ilhas

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte |
Das 29 matrículas no curso, mais da metade são de mulheres. - Foto: Rodolfo Santana

Ser médica sempre foi o objetivo de Andrea Nascimento, estudante do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). “Decidi cursar medicina desde cedo, pela vontade de ajudar o outro e pela curiosidade. Quando criança achava que o médico sabia muitas coisas, e eu as queria saber também. Não me vejo sendo outra coisa senão médica” diz Andrea. A jovem estudante faz parte de um grande grupo de mulheres que vem em intercâmbio de Cabo Verde para estudar em Barbalha, na Faculdade de Medicina da UFCA. Junto com outras estudantes cabo-verdianas, Andrea divide sonhos, aulas e contas no seu dia a dia de estudante universitária em intercâmbio.

Cotidiano

Cabo Verde é um país africano insular formado em um arquipélago que reúne 10 ilhas das quais nove são habitadas. Armandina Cunha, também tem sua terra natal na cidade de Mindelo, na Ilha de São Vicente, uma das mais populosas do país, seguida da ilha de Santiago, onde fica a capital, Praia. A futura médica conta que sua vida no Brasil é tranquila e aponta que a cidade de Barbalha facilita bastante seu dia a dia de universitária. “Por ser uma pequena e com um custo de vida não muito alto, me sinto segura de manter meus estudos, também pela faculdade ser próxima de onde eu moro em Barbalha” conta.

Assim como Armandina, Andrea também aponta com uma vantagem a cidade ser menos populosa. Apesar disso, Andrea conta que teve de lidar com algumas dificuldades no início de sua vida como estudante estrangeira. “Há um grande choque ao sair da casa dos pais, viajar para outro país e se virar sozinha, mas depois, passado por alguns perrengues como encontrar uma boa casa ou apartamento para morar, criar conta no banco, fazer contrato de energia, água, internet, comprar tudo desde cama até geladeira, adaptar-se ao calor, acabamos nos acostumando até mesmo sem dar conta.” explica. Ela também fala da importância da rede de apoio que há entre as estudantes, sem a qual a vida de estudante de intercâmbio seria muito mais difícil.

O Programa

As estudantes de Cabo Verde integram o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), ação do governo brasileiro criado oficialmente em 1965. O objetivo do programa oferece a estudantes de países em desenvolvimento que possuem acordos educacionais com o Brasil a oportunidade de realizar seus estudos em instituições de ensino superior brasileiras. A UFCA é uma das instituições participantes do PEC-G e, durante sua vigência, estudantes de diversos países africanos e latinos foram matriculados. O processo seletivo inclui provas escritas dissertativas, além de um exame de proficiência em língua portuguesa, além de haver disponibilidade de vagas no curso que o estudante escolher se matricular. 

A secretária do curso de medicina da UFCa, Alinele Lucena, chama a atenção para duas características curiosas na vigência do programa na universidade. A primeira é que, das 30 matrículas atualmente ativas no PEC-G, 29 são do curso de medicina. “Outra coisa que chama muita atenção é que, dessas 29 matrículas, mais da metade são mulheres e são cabo-verdianas”, pontua Alinele. Ela diz também que não há um processo seletivo específico para o país. “Vieram as primeiras estudantes e acredito que essa primeira vinda serviu também como uma forma de divulgar o curso de medicina da UFCA. Eu acredito que por julgar o curso como sendo de qualidade e pelo suporte que nós as damos aqui, contribuiu bastante para que outras mulheres de Cabo Verde viessem também” conclui.

Devido a pandemia e as suspensão das aulas, as estudantes voltaram para o seu país natal, onde aguardam a situação global melhorar e as aulas retornarem ao seu ritmo convencional.

Edição: Monyse Ravena