Paraná

Eleições 2020

Cresce o número de candidaturas de mulheres e negras em Curitiba

Políticas afirmativas são um dos fatores que explicam o aumento

Curitiba (PR) |
Em 2020, 408 mulheres se candidataram a um cargo eletivo em Curitiba - EBC

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizou 545 mil pedidos de registro de candidatura em todo o Brasil nas eleições deste ano. O número de mulheres atingiu um recorde em 2020, com 180.799 representantes. Além disso, pela primeira vez na história, o número de candidatos autodeclarados negros (pretos ou pardos) superou o total de brancos.

Em 2020, 408 mulheres se candidataram a um cargo eletivo em Curitiba. Elas representam 33,7% do total de candidatos. Em 2016, foram 354 concorrendo a uma cadeira na Câmara Municipal e à prefeitura. Entre as candidatas, aumentou também o número de autodeclaradas negras (pretas e pardas). Na eleição municipal de 2016 eram 23 pretas e 28 pardas. Agora são 25 pretas e 43 pardas, aumento de 33%. Os partidos que mais têm mulheres negras concorrendo em Curitiba são: o PDT, com seis; o MDB, com cinco; o PT, com quatro; o PCdoB, com quatro, e o Republicanos, também com quatro postulantes que se autodeclararam pretas ou pardas.

A doutora em Ciências da Comunicação e coordenadora do grupo de pesquisas Comunicação Eleitoral, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luciana Panke, destaca que o aumento de candidaturas de mulheres aconteceu em todo o Paraná. “Em 2016, tínhamos 98 cidades com candidatas às prefeituras. Hoje, são 120 cidades com mulheres candidatas. Em 2016, eram 138 cidades com candidaturas de mulheres para vice. Hoje, são 176 cidades. No total, em 2016, em todo o Paraná, foram 104 candidatas a prefeitas e, agora, são 146 candidatas. Em Curitiba, são seis candidatas mulheres”, explica.

Luciana analisa que o aumento das candidaturas de mulheres ultrapassa questões ideológicas. “Engana-se quem pensa que a pauta da representatividade feminina é exclusivamente feminista e de esquerda. Essa pauta está presente em 2020 nas mais variadas vertentes ideológicas”, diz.

Para a professora, as políticas afirmativas são um dos fatores que explicam o aumento. “O uso das leis afirmativas nas quais há a obrigatoriedade de cotas e o fundo partidário são alguns dos fatores que levaram os partidos a prestar atenção para a pauta da representatividade feminina”, comenta Luciana.

Já com relação à raça/cor, em 2016 o TSE registrou 194.402 pardos (39,12%) e 42.916 pretos (8,64%), o que representou 47,76% dos inscritos. Até agora, as eleições de 2020 apresentam 215.030 (39,42%) autodeclarados pardos e 57.013 (10,45%) pretos. Somados, representam 49,87% do total. Como o registro de candidatos autodeclarados brancos é de 260.574 (47,77%), é a primeira vez que a eleição tem mais candidatos autodeclarados negros do que brancos. Nas eleições deste ano, os partidos políticos são obrigados a reservar recursos e tempo de propaganda de forma igualitária entre candidatos brancos e negros, conforme determinação do TSE.

Luciana Panke diz que o aumento das candidaturas negras é um avanço para a democracia representativa. “É nos municípios que se tomam as principais decisões sobre a vida das pessoas. Para que se efetive na prática a democracia representativa, é preciso que mulheres, negros, indígenas, quilombolas participem dos espaços de tomada de decisões. Não precisamos ter uma grande lupa para observarmos que a nossa democracia, hoje, não representa as pessoas que estão nas ruas. A grande maioria que está tanto no Executivo como no Legislativo são pessoas que representam a elite: gênero masculino, branco e de renda elevada”, afirma.

Edição: Lia Bianchini