Direitos Humanos

Violência contra mulheres cresceu 64% em quatro anos no município de São Paulo

Segundo Mapa da Desigualdade, agressões homofóbicas e racistas também aumentaram, principalmente no Centro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Bairros centrais de SP concentram maiores índices de violência relacionada a gênero e ao racismo
Bairros centrais de SP concentram maiores índices de violência relacionada a gênero e ao racismo - Mídia Ninja

A violência contra a mulher aumentou em 64% na cidade de São Paulo entre 2016 e 2019, mostrou um levantamento divulgado nesta quinta-feira (29), pela Rede Nossa São Paulo. O Mapa da Desigualdade 2020, com dezenas de indicadores sociais, econômicos e de oferta de serviços públicos na capital paulista, apontou que o número de mulheres vítimas de violência passou de 50.566, em 2016, para 83 mil em 2019. O feminicídio também aumentou: de 95 casos em 2016 para 163 três anos depois, um incremento de 72%.

Aumentaram ainda os registros de violência homofóbica e transfóbica -- de 240 para 279 casos, aumento de 16% -- e de racismo e injúria racial, de 1.454 casos para 2.320, uma diferença 60%, no mesmo período.

Os bairros centrais foram os que mais concentraram casos de violência ligados a gênero e raça. No caso de violência contra as mulheres, o distrito da Sé registrou 865 vítimas para cada 10 mil moradoras, quase quatro vezes mais do que a média da cidade (228 por 10 mil), em 2019.

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Também na Sé ocorreram mais casos de violência e injúrias raciais: 24,2 casos para cada dez mil moradores, doze vezes mais do que a média da cidade (2,0 por 10 mil).

Já os episódios de violência LGBTQIAP+ também se concentraram mais na área central, no caso no distrito da Liberdade, com 26,2 ocorrências para  cada 100 mil habitantes, mais de dez vezes a média da cidade (2,4 por 100 mil).

Em termos de expectativa de vida, o Mapa mostrou disparidades gritantes: a idade média ao morrer no Jardim Ângela, na zona sul, é de 58,3 anos, contra 81,5 no Jardim paulista. A expectativa de vida na cidade era de 68 anos em 2019.

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O que evoluiu

Os dados positivos do Mapa 2020 ficaram por conta da queda da mortalidade infantil na cidade, de 12% entre 2012 e 2019, e do aumento da coleta seletiva de lixo, cuja tonelagem praticamente dobrou em sete anos: de 40.275 toneladas para 77.292 ao ano. Aqui, porém, as diferenças são grandes entre os bairros: na Vila Mariana, na zona sul, se coleta 42 vezes mais do que em Itaim Paulista, na zona leste.

Divulgado desde 2012, o Mapa da Desigualdade abarca dez diferentes temas: população, meio ambiente, mobilidade, direitos humanos, habitação, saúde, educação, cultura, esporte, trabalho/ renda. As fontes das estatísticas são oficiais e dizem respeito a todos os 96 distritos da capital. 

Edição: Rogério Jordão