Paraná

Denúncia

Bradesco faz demissões em massa, enquanto mantém lucro bilionário, denuncia Sindicato

Banco lucrou mais de R$ 7 bi no 1º semestre de 2020, com crescimento de 3,2% comparado ao 1º trimestre do ano

via Porém.net |
Banco quebrou compromisso com funcionários e sindicatos da categoria, promovendo demissões em massa - Joka Madruga

Em 2020, os bancos são um dos únicos setores que mantêm lucros bilionários, enquanto praticamente todo o Brasil sofre prejuízos. O Bradesco, por exemplo, lucrou R$ 7,626 bilhões no 1º semestre de 2020. E ganhou mais nos piores meses da pandemia. Seu lucro, no segundo trimestre, foi 3,2% maior que nos primeiros três meses do ano.

Mesmo assim, sindicatos acusam o banco de quebrar um compromisso com seus funcionários e promover demissões em massa, por teleconferência e por telefone, após o encerramento da campanha salarial.

“Não podemos deixar que neste momento de pandemia o Bradesco ou qualquer outro banco descumpra o acordo feito há alguns meses, desde o início da pandemia, de não demissão. Não há justificativa para o sistema financeiro demitir ou afastar pessoas do seu quadro, pessoas que estão contribuindo, fazendo o seu papel, mesmo que em home office. Não é admissível, até porque o sistema financeiro continua lucrando”, afirma Antonio Luiz Fermino, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, Financiários e Empresas do Ramo Financeiro de Curitiba e região.

Os bancários não sofreram os impactos da MP 936, que, transformada em lei, autorizou as empresas do país a promover cortes de salário entre 25% e 75%, ou ainda suspensão de contratos de trabalho, com subsídios governamentais, medida que atingiu uma grande massa de trabalhadores formais no país, com impactos financeiros ainda pouco mensurados.

Essa articulação funcionou, em maior ou menor medida, até a data-base da categoria, em 1º de setembro, com as negociações sobre reajuste de verbas financeiras e manutenção de direitos para trabalhadores e posterior assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho, um instrumento que garante melhores condições há mais de 20 anos para bancários e bancárias de todo o país.

Ocorre que o banco Bradesco atua, desde então, fomentando a prática antissindical, proibindo os dirigentes do Sindicato de acessar os prédios nos locais de trabalho, e na quebra de compromisso, ao promover demissões em massa durante a pandemia.

“Nesse semestre de recorde de lucro, quatro dos seis meses foram na pandemia. É inadmissível que o Bradesco coloque famílias em risco. Cada trabalhador demitido é uma família que vai ficar desamparada. Fechar 500 agências, que é a projeção apontada por eles, é algo inadmissível neste momento. Os bancos estão deixando sua função de atendimento ao público para ficar somente com a rentabilidade de títulos públicos, fazendo como foco disso a demissão dos trabalhadores, a redução do seu quadro. É inadmissível”, contextualiza Fermino.

Edição: Lia Bianchini