Na sexta (09), a candidata a vereadora pelo PT em Curitiba, Ana Júlia Ribeiro, foi processada pela coligação do PSL, após fazer projeções visuais com mensagens de protesto (dentre elas, uma com "Fora Bolsonaro") em alguns prédios da cidade. A acusação é de que a candidata fez uso de outdoor, proibido pela legislação eleitoral. A coligação do PSL pede que seja aplicada multa de R$ 10 mil à petista.
Nesta segunda (12), Ana Júlia conversou com o Brasil de Fato Paraná. Ela conta que o processo "parece uma retaliação", após a candidatura petista ter entrado com representação contra a chapa do PSL, obrigando-a a cumprir a cota de gênero. "Eles tiveram de substituir uma candidatura masculina e colocaram uma advogada no lugar. E foi depois disso. Tanto que entraram no último dia do prazo. Com uma argumentação bem fraca", conta.
Leia a íntegra:
Então quer dizer que o Francischini (Fernando, candidato a prefeito pelo PSL) resolveu processar você?
Ana Julia Ribeiro – Pois, é. A coligação inteira decidiu. Foi a coligação, não foi a candidatura dele especificamente.
Vamos explicar o que aconteceu, vocês estavam fazendo projeções em prédios?
Ana – Sim, a gente lançou a campanha fazendo projeções em quatro prédios no dia 2 de outubro (candidatura a vereadora pelo PT-PR). A gente estava com um projetor e fez a ação por cerca de 10, 15 minutos em cada prédio. E eles estão nos processando pela projeção no Círculo Militar. Mas projetamos também na Havan do Parolin, no Prédio do Shopping Hauer e na Havan do Xaxim.
Qual o argumento deles para processarem?
Ana – Eles dizem que é uso de outdoor (o que é proibido pela legislação). Mas outdoor é coisa fixa ou um painel eletrônico. O nosso não ficou fixo, não é painel nem durou muito tempo. Mas parece mais uma retaliação, porque a gente entrou com uma representação contra a chapa do PSL, o que obrigou eles a cumprirem a cota de gênero. Daí eles tiveram de substituir uma candidatura masculina e colocaram uma advogada no lugar. E foi depois disso. Tanto que entraram no último dia do prazo. Com uma argumentação bem fraca. Na realidade eles nem procuraram saber o que era, eles fizeram o pedido para a gente interromper o uso do outdoor, parar a projeção, mas quando eles pediram já não estava acontecendo. As projeções todas acabaram no dia 2 mesmo. É um pedido que não existe e claramente uma retaliação porque a gente entrou contra a chapa deles.
Além de parar a projeção eles pedem que seja aplicada uma multa?
Ana – Sim, eles pedem que seja aplicada uma multa de R$ 10 mil. Nossa defesa está dizendo que não tem cabimento [essa ação], porque em primeiro lugar não é um outdoor, a projeção não ficou rodando o tempo que eles alegam, e eles pedem a multa pelo tempo. As projeções não configuram abuso de poder econômico, ao contrário de um outdoor, e não existe previsão de proibição de projeções. É muito curioso que a coligação deles entre com esse pedido, porque eles já foram multados em R$ 15 mil pelo uso de três outdoor e mais de R$ 100 mil por campanha antecipada.
Há algum outro motivo para esse processo?
Ana – Acredito que há uma questão de posicionamento político. Projetamos em quatro pontos da cidade um “Fora Bolsonaro” imenso e com motivos para isso. As mortes por coronavírus, a crise na pandemia, os problemas na economia, com crítica ao projeto político de Bolsonaro, que aqui em Curitiba é representado pelo Francischini.
Edição: Lia Bianchini