Paraná

EDITORIAL 187 PR

Elites novamente apertam as mãos

Florestan Fernandes completaria 100 anos de nascimento em 2020 e veria suas teses confirmadas

Curitiba (PR) |
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Bolsonaro posa junto da filha a apoiadores durante protesto contra Congresso e STF, em Brasília, no domingo (3) - Evaristo Sa/AFP

Bolsonaro se reuniu em encontro não oficial no sábado (3) com Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e com o indicado ao STF, Kassio Nunes Marques, para supostamente assistirem a uma partida de futebol.
O indecoroso episódio revela um jogo de outro tipo, em que Poder Executivo, Legislativo e Judiciário deveriam ser independentes, mas se abraçam em nome dos seus interesses. A indicação do desembargador Kássio Nunes, figura ligada ao “centrão”, ainda depende da aprovação do Senado.
Neste período, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o ministro da economia Paulo Guedes também participaram de jantar na casa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, para tentar reaproximá-los.

Assim, apesar de farpas entre ministro da economia, Congresso e Judiciário, é fato que a tarefa do governo Bolsonaro é impor aos trabalhadores uma agenda de retirada de direitos, privatização de empresas públicas lucrativas (Correios, por exemplo) e destruição ambiental em prol do agronegócio exportador. Por isso, vimos tantos abraços sem máscaras.
O sociólogo Florestan Fernandes completaria 100 anos de nascimento em 2020 e veria suas teses confirmadas ao analisar o governo Bolsonaro: para reprimir os trabalhadores, as elites apertam as mãos, em nome de menos direitos sociais e civis.

Edição: Lia Bianchini