Paraná

OPINIÃO

MEC À DERIVA: Gestão Bolsonaro perde 1,6 bi em 2020 com ministros ineptos*

Dois ministros passaram pela pasta neste ano

Curitiba (PR) |
weintraub bolsonaro abracinho
No vídeo de anúncio da demissão, Weintraub pediu um "abracinho" ao presidente - Reprodução/Twitter

Durante toda a gestão  do Bolsonaro, o MEC esteve e está à deriva.  Até temos preferido não ter notícias dos ministro  da Educação,  como se não ter notícias nos desse um pouco de paz. Primeiro tivemos Ricardo Vélez Rodríguez; depois, Abraham Weintraub. Dois lunáticos seguidores de Olavo de Carvalho. Por causa desses dois ministros, sem nenhuma capacidade ministerial, cerca de R$ 1,6 bilhão foi cortado do orçamento da pasta deste ano (2020), a justificativa da equipe econômica foi que o dinheiro não tinha uma finalidade certa. 

O atual ministro da Educação, o senhor Milton Ribeiro, chegou a responsabilizar os gestores anteriores do MEC por não empenharem e, portanto, pela não execução dos valores. Ou seja, em meio a pandemia, com milhares de crianças sem acesso às aulas remotas, o MEC tendo dinheiro sobrando, não fez nada, e agora este recurso será distribuído no  congresso nacional, em forma de emenda parlamentar. 

Provalvelmente esse recurso (1,6 BI) irá virar asfalto, estradas e pontes. Não que investimento em infraestrutura não seja importante. Mas não podemos aceitar que tais obras sejam executadas com recursos da pasta educacional. 

Milton Ribeiro, que tem se mostrado mais discreto que os anteriores, também se mostra  inepto  para gerir o MEC e, nesta semana em entrevista, emitiu as seguintes opiniões: “Não temos o poder de determinar [a volta às aulas]. Por mim, voltava na semana passada, uma vez que já superamos alguns itens, saímos da crista da onda e temos de voltar. Mas essa volta deverá ser de acordo com os critérios de biossegurança”. 

E prossegue: “Esse problema só foi evidenciado pela pandemia, não foi causado pela pandemia. Mas hoje, se você entrar numa escola, mesmo na pública, é um número muito pequeno que não tem o seu celular. É o Estado e o município que têm de cuidar disso aí. Nós não temos recurso para atender. Esse não é um problema do MEC, é um problema do Brasil. Não tem como, vai fazer o quê? É a iniciativa de cada um, de cada escola. Não foi um problema criado por nós. A sociedade brasileira é desigual e não é agora que a gente, por meio do MEC, vai conseguir deixar todos iguais."

Pergunto: como um ministro da Educação, de um país federativo, que administra um dos maiores orçamentos do Estado, diz que o tema “volta às aulas” não  é com ele? Não é problema do MEC? E diz isso estando numa pasta que devolve 1,6 bilhões, para ser distribuído em emendas parlamentares. 
Na sequência, indagado sobre as responsabilidades do MEC na democratização da tecnologia, o ministro  prossegue:  “O MEC, em termos, né? Essa é uma responsabilidade de Estados e municípios, que poderiam verificar e ter as iniciativas para tentar minimizar esse tipo de problema. Alguns já fizeram. Algumas universidades federais deram até tablet”, disse. As universidades que conseguiram garantir tablets e notebooks o  fizeram  por conta própria, não  porque houve política do MEC. 

E por fim, numa entrevista que era sobre “volta ás aulas”, o ministro Milton Ribeiro, resolveu falar ao  Estadão, neste dia 24 de setembro de 2020, que não considera a homossexualidade normal, mas respeita tal opção, e segundo  ele  a homossexualidade está associada a "família desajustadas". 

Depois de dois meses calado, ele nos brindou com tais pérolas. Mesmo sabendo que ausência de políticas, também é política, admito que está insuportável tantas sandices diárias. Ministro, por favor, continue calado.

Fonte: As declarações citadas na íntegra foram extraídas da entrevista concedida ao O Estado de São Paulo, publicada nesta 5ª feira (24.set.2020).

*Diana Cristina de Abreu, é professora da Rede Municipal de Curitiba, dirigente da Cut-Paraná e doutora em Educação/UFPR

Edição: Gabriel Carriconde