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Manifestações

Coluna Conflitos: protestos mostram incertezas na pandemia e ausência do Estado

Confira os protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana no mês de agosto

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Manifestação de funcionários públicos do Estado em Curitiba - Giorgia Prates

Esta é a coluna do Observatório dos Conflitos Urbanos de Curitiba, que apresenta o resumo dos principais protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana. O Observatório é composto por professores e pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Servidores protestam contra congelamento de salários

Em 26 de agosto, servidores do Estado protestaram em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, contra a emenda ao Projeto de Lei 258/2020, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o ano de 2021. Se aprovada, a emenda pode congelar salários e suspender promoções e progressões. A manifestação aconteceu com representantes dos sindicatos das várias categorias profissionais do serviço público. Segundo os manifestantes, a medida é um desrespeito aos trabalhadores, pois a justificativa do governo não se sustenta. Segundo Marlei Fernandes, coordenadora do fórum de Entidades Sindicais, mesmo com a pandemia, o Paraná não enfrenta dificuldades financeiras e o Programa Federativo de Enfrentamento à Covid-19 não proíbe o Estado conceder reajuste e promoções e progressões ao funcionalismo.

Produtores e carregadores da Ceasa

Trabalhadores fizeram manifestação após nova determinação, que reduz o uso do espaço do Ceasa Curitiba (Centro de Abastecimento do Paraná) de seis para apenas três dias por semana para cada produtor. No dia 24, produtores rurais protestaram contra administração da unidade. E, no dia 31, cerca de 80 trabalhadores doaram dois caminhões de legumes frescos no Centro Cívico, e, com a ajuda de um carro de som, entoavam palavras de ordem contra o governador Ratinho Júnior. Os trabalhadores afirmam que essa redução traz imenso prejuízo aos produtores e às famílias de todos os profissionais que integram a rede de produção rural.

O Ceasa divulgou nota oficial, que cita as leis vigentes e o processo de construção do planejamento quanto ao uso do espaço pelos produtores, que deve ser “rotativo, itinerante e não permanente”. Na nota, a unidade afirma que esse processo vem sendo implantado desde 2016 e cita o período de junho a agosto como sendo historicamente marcado pelo pedido de desligamento dos produtores devido ao inverno, às secas e, neste ano, à pandemia de Covid-19.

Greve dos Correios

Em 18 de agosto, 6 mil funcionários dos Correios entraram em greve no Paraná. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicações Postais, Telegráficas e Similares (Sinticom-PR), a decisão se deve às perdas de direitos da categoria e falta de acordo com a empresa. Os trabalhadores estão sem Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) desde o dia 10 de agosto, sendo retirado deles diversos direitos, como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, pagamento de adicional noturno e horas extras. Segundo o sindicato, não há previsão para o fim da greve e que as próximas decisões dependem da resposta da empresa e do governo. Afirmam, ainda, que os funcionários são contrários à privatização da estatal, pedem melhorias em suas condições de trabalho durante a pandemia e reivindicam ainda a garantia dos direitos trabalhistas

Moradores em situação de rua

Em 11 de agosto, um grupo de moradores em situação de rua se reuniu em frente à Prefeitura de Curitiba para cobrar medidas de proteção durante a pandemia. O protesto foi organizado pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua e contou com café da manhã, almoço e atividades. Em entrevista, Leonildo Monteiro Filho, coordenador da organização, relatou as dificuldades de acesso a água potável e higiene dos moradores de rua, citando o fechamento de banheiros no centro da cidade. Os moradores também pedem por alimentação adequada e acolhimento. A Prefeitura alega, em resposta, estar realizando diversas medidas para garantir segurança e saúde dessa população.

População carcerária

O Movimento Todas na Mesma Causa, juntamente com familiares e amigos de presos, realizou manifestação em frente ao Palácio Iguaçu e ao Palácio da Justiça durante a tarde do dia 5 de agosto. Pediram testagem em massa para os detentos, adoção de medidas sanitárias, retorno do mutirão judiciário para reduzir a população carcerária, normatização da entrega de alimentos, roupas, cartas e remédios durante a pandemia e a regularização de visitas (presencial ou virtualmente). Nas prisões do Paraná, há 355 presos confirmados com Covid-19 e uma morte pela doença, segundo o Mapa de Monitoramento da Prevenção de Coronavírus.

Outras manifestações

Familiares de presos realizaram ato, no dia 28, devido ao Dia Nacional de Combate a Tortura no Sistema Penitenciário.

Motociclistas se reuniram, no dia 26, em cruzamento onde ocorreu acidente de Samuel Ermelindo de Oliveira, no bairro Mercês, pedindo paz no trânsito e mais prudência entre os motoristas e motociclistas.

Organizações, entidades e movimentos sociais, como Sindicatos e a Pastoral Afro, denunciaram a condução do governo Ratinho Jr sobre o Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial (Consepir), ao nomear novo presidente em exercício sem plenária do conselho.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec) denunciou a Prefeitura Municipal de Curitiba devido à falta de equipamentos de proteção individual para técnicos de enfermagem que realizam visitas domiciliares a pacientes infectados pelo coronavírus. Em nota, a Prefeitura contesta o que o sindicato relata.

Ministério Público ajuizou ação civil pública, no dia 19, contra a Administração Municipal de Curitiba devido à mudança da bandeira laranja para amarela, com a alegação de que a matriz de risco não apresentou avaliação adequada.

No dia 15, feirantes de Curitiba realizaram buzinaço nas ruas em que normalmente aconteciam as feiras, o protesto foi contra proibição de abri-las nos finais de semana.

Apoiadores da Lava Jato realizaram carreata e buzinaço, no dia 15, da Justiça Federal, no Ahú, até a Avenida Marechal Deodoro, no Centro, contra investidas da Procuradoria Geral às forças tarefas e, em especial, ao procurador Deltan Dallagnol.

Após homicídio do policial penal Lourival de Souza, agentes penais de diversas unidades penitenciárias em Curitiba e Região Metropolitana realizaram carreata no dia 13, do Cemitério Municipal de Piraquara ao Palácio Iguaçu, pedindo segurança aos servidores do sistema penal.

Academias de natação de Curitiba pedem pela reabertura dos espaços com piscina, e, no dia 7, fizeram manifestação em frente à Prefeitura.

Edição: Frédi Vasconcelos