Futebol

Após demissão de Roger, Brasileirão tem mais técnicos estrangeiros do que negros

Sampaoli, Coudet e Domenéc são os gringos que comandam alguns dos mais importantes clubes do país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Roger Machado deixou o comando técnico do Bahia - Foto: Reprodução

Roger Machado foi demitido do comando técnico do Bahia na última quarta-feira (2), após o tricolor baiano ser derrotado pelo Flamengo dentro de seus domínios. Para além do revés desportivo, o afastamento do treinador significa que, a partir de agora, apenas dois técnicos, entre os vinte da Série A do futebol brasileiro, são negros.

Entre os outros 18 técnicos brancos, três estrangeiros: os argentinos Jorge Sampoli e Eduardo Coudet, além do espanhol Domenéc Torrent, que dirigem o Atlético-MG, Internacional e Flamengo, respectivamente.

Jair Ventura, à frente do Sport do Recife, e Vanderlei Luxemburgo, que comanda o Palmeiras, se tornaram os dois únicos negros, ou pardos, que integram o Olimpo do futebol brasileiro, a Série A. Ambos, ex-jogadores, assim como Machado.

No Brasil, qualquer lista dos maiores jogadores de futebol, elaborada por jornalistas, pesquisadores ou torcedores, será povoada por negros, majoritariamente. Pelé, Ronaldinho Gaúcho, Garrincha, Rivaldo, Ronaldo, Romário, Neymar, entre outros.

Porém, quando os olhos se voltam para os espaços de comando do futebol, o racismo estrutural fica evidente. Entre os 40 clubes da Série A e B, apenas um é presidido por um negro, a Ponte Preta. Desde novembro de 2019, Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, é o dirigente máximo do clube campineiro. Mas não foi eleito, herdou o cargo de José Armando Abdalla, que se afastou das funções por motivos de saúde.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o ex-goleiro Aranha falou sobre a falta de diversidade nos espaços de comando no futebol. “O negro sempre ocupou um lugar de mão de obra, é a força ou habilidade, a parte intelectual não é para o negro. Por isso, leis que impediam o negro de estudar. O mais interessante é que fora do Brasil, muitas pessoas que são consideradas brancas aqui, lá não são consideradas brancas. Aí, o que acontece, os técnicos, mesmo os brancos, são considerados intelectualmente inferiores.”

Edição: Rodrigo Durão Coelho