Há dois meses, a rotina de Eleandra de Oliveira da Silva tem que se adaptar ao sistema de rodízio de água proposto pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Todas as semanas, sem exceção, sua casa fica pelo menos dois dias inteiros sem água.
Eleandra é moradora do Parolin, está grávida e mora com o marido e três filhos pequenos, de 13, 9 e 3 anos. Sua casa não tem caixa d’água, depende exclusivamente do fornecimento da Sanepar. “Tem que ficar esperto, porque tem vezes que anunciam que vai faltar água e tem vezes que não anunciam”, conta Eleandra.
Os dias sem água são dias sem banho. O mínimo que ainda é possível economizar tem prioridade para ser bebida ou ser utilizada no preparo das refeições. A campanha “Meta20”, da Sanepar, que estimula que a população, individualmente, reduza em 20% o consumo de água em suas casas, é impossível de ser aplicada à realidade de Eleandra.
“Não tem como. Nós usamos a água pra beber e fazer comida. Mas tem louça para lavar, roupa de três crianças para lavar, mais as do meu marido e minhas. Não tem como. Não tem lógica pedir isso aqui”, diz.
Nos dias em que há fornecimento, Eleandra diz notar uma qualidade ruim na água. “Vem barrenta, com cheiro ruim, com muito cloro. Está bem diferente. Não é como era antes. Tem um gosto ruim. Parece água de esgoto”, afirma.
Para Eleandra, junto ao sistema de rodízio, deveria haver um cuidado maior com a população mais impactada pela falta de água. “Deveriam pensar em quem mora na periferia”, diz. Ela conta que, desde que começou a faltar água em sua região, nem Sanepar nem Prefeitura tentaram propor soluções para amenizar os impactos. “Não chegou ninguém aqui. A única coisa que chega é a conta de água”, diz Eleandra.
Chuvas não amenizam seca
Na última semana, Curitiba e Região Metropolitana tiveram dias seguidos de chuvas. Segundo a Sanepar, foram contabilizados pouco mais 100mm de chuva, que elevaram os níveis dos reservatórios - até sexta-feira (21) - para 33,56%. Ainda de acordo com a empresa, “somente quando os reservatórios alcançarem a reservação acima de 60% pode-se considerar a volta à normalidade”.
Questionada sobre a qualidade da água fornecida, a Sanepar não enviou resposta até o fechamento da reportagem.
Edição: Gabriel Carriconde