Paraná

DIREITOS HUMANOS

Indígenas do Vale do Itajaí recebem doação de colchões e cobertores velhos e mofados

Material foi doado pelo Exército, atendendo à demanda da Secretaria Especial de Saúde Indígena

Curitiba (PR) |
Colchões doados para indígenas catarinenses infectados estão sem condições de uso - Reprodução / NCS TV

Na última semana, as aldeias da Terra Indígena (TI) Laklãnõ-Xokleng, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, receberam doação de 50 colchões, cobertores e 25 camas do levados pelo Exército para indígenas infectados pela Covid-19. Segundo relatam os indígenas, no entanto, o material estava velho, rasgado, mofado e enferrujado. 

“A Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) orienta a comunidade a fazer a parte higiênica, lavar mãos, usar máscara e álcool em gel e ter cuidados. Agora, o que acontece? A Sesai vai apoiar uma doação de material de péssima qualidade, sem higienização”, diz Geomar Covi Crendô, cacique da aldeia Palmeirinha. O cacique pondera que, ainda que não tenha sido doação direta da secretaria, deveria ter sido fiscalizada pelo órgão. 

Antes de chegar à TI, o material já havia sido utilizado por outros indígenas infectados, na Terra Indígena Xapecó, no município catarinense de Ipuaçu. Na sexta (14), o Dsei-Isul fez a devolução dos materiais. De acordo com o cacique Geomar, o órgão se comprometeu a fazer a doação de novos materiais, ainda sem previsão de data. 

Na TI Laklãnõ-Xokleng vivem cerca de 2.300 indígenas. Desde junho, por conta própria, as comunidades estão em isolamento total, com barreiras nas entradas. Segundo levantamento atualizado semanalmente pela própria comunidade, até a sexta (14), eram 137 indígenas infectados pela Covid-19. 

Na avaliação do cacique Geomar, existe descaso do poder público. “Não apareceu poder público municipal, estadual, federal. A Sesai precisou ser pressionada. O órgão público era pra estar prevenindo a comunidade, e não esperar o caso acontecer pra tentar prevenir. Agora os casos já estão na aldeia. Como não existe um medicamento específico, vacina, nós precisamos de profissionais para atender a comunidade”, diz. 

Edição: Gabriel Carriconde