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Ilha do Mel

Moradores da Ilha do Mel defendem que reabertura aconteça quando houver estrutura

A comunidade enviou abaixo assinado para Prefeitura de Paranaguá e governo do estado solicitando a não abertura

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Moradores da Ilha do Mel fazem reunião e abaixo assinado contra a abertura - Divulgação

No momento de recordes diários em número de casos e  mortes, o Governo do Paraná anunciou a possibilidade de reabertura das unidades de conservação para turistas, o que inclui a Ilha do Mel fechada desde março devido à pandemia do coronavírus e até agora sem registro de casos de contaminação pelo novo vírus. Tanto donos de pousadas, como moradores defendem que a reabertura  só aconteça quando houver estrutura adequada para fiscalização,  atendimento da saúde e triagem.  

O anúncio pelo Governo do Paraná da possível reabertura das unidades de conservação foi reiterado durante uma reunião, no dia 06 de agosto,  do Conselho Paranaense de Turismo promovida pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) e do Turismo do Paraná. Márcio Nunes, secretário estadual de turismo,  informou que estaria dialogando com o  Governador Ratinho Jr sobre a retomada do turismo. Segundo ele , “a Sedest, por meio do Instituto Água e Terra (IAT), prevê a abertura de Unidades de Conservação para o próximo dia 15. Outros destinos paranaenses estão voltando às atividades, gradativamente, em todo o Estado. É um momento que exige ações orquestradas com todos os órgãos envolvidos, população e trade turístico e, principalmente, com a Secretaria de Saúde para preservar o turista.” 

Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a SEDEST informou que para o próximo dia 15 de agosto, a Ilha do Mel não foi incluída para reabertura. Apesar da reabertura específica da Ilha do Mel não ter sido ainda definida e ser pauta de reuniões entre a Prefeitura de Paranaguá e o governo estadual, a notícia gerou debates entre moradores e empreendedores da área.  A Ilha do Mel, atualmente, possui mais de 1 mil moradores, e é organizada a partir de uma divisão em Estação Ecológica (95%) e Parque Ecológico (5%), aqui onde é permitido o turismo.  Há portanto,  moradores que possuem pousadas e defendem a reabertura, porém com condições adequadas. Já a Associação de Nativos da Ilha do Mel  (ANIMPO) diz que  neste momento não existem estrutura e segurança para moradores e turistas.   

Logo após o anúncio, a comunidade da Ilha do Mel realizou uma reunião para debater a proposta de reabertura.. Na ocasião, foi elaborada uma carta com a assinatura de moradores que foi  encaminhada à Prefeitura, Governo do estado e ao Ministério Público. O documento  elencou vários motivos para defender que não se reabra enquanto houver falta de estrutura sanitária e médica, na triagem e fiscalização.  

Para Felipe Andrews, secretário da Associação dos Nativos da Ilha do Mel (ANIMPO), antes de se pensar em reabrir, é preciso garantir no mínimo estrutura digna aos moradores e turistas. “Temos dois postos de saúde sem condições de atender casos de coronavírus  pois não tem UTI e nem respirador. Temos a  fiscalização feita aqui pela guarda municipal e estamos no momento com o carro elétrico estragado, que é usado para este fim. Temos uma triagem simples nos terminais de embarque e ainda nenhuma proposta de readequação para a recepção de pessoas de fora.” Em conformidade com o decreto estadual há cinco meses, apenas moradores podem entrar e sair da localidade sem as restrições impostas pelo documento.  

Trapiche em obras
 
 
De acordo também com os moradores, o trapiche da Praia de  Encantadas não possui atualmente condições de receber o turismo, pois ainda está em reforma. A estrutura passou por um longo processo até que finalmente pudesse ser reconstruída. A expectativa é que fique pronta até o final de novembro. As obras de reparo no trapiche de Nova Brasília e Encantadas foram autorizadas pelo Governo Estadual em agosto do ano passado, após uma série de problemas na estrutura e vários apelos da comunidade. Em 2018, a estrutura da Praia de Encantadas chegou a despencar quatro vezes num curto período, chegando a ser interditada pela Capitania dos Portos do Estado do Paraná. 
 
Proprietária de pousada defende reabertura, mas pede atuação dos governos na fiscalização  

Susi Albino, proprietária da Pousada das Meninas  está na Ilha como empreendedora há 28 anos e há 5 meses fechada, sem receber hóspedes. "Estamos há 5 meses parados e o recurso que ganhamos no verão já acabou. Além disso, como não temos o termo de propriedade, ficou  impossível conseguirmos linhas de crédito. E, por outro lado, não tem até agora política pública para nos ajudar,” diz.

A dona da Pousada das Meninas defende a reabertura, mas quer atuação dos governos para garantir estrutura adequada e fiscalização. “ O que acontece é que fica um jogo de empurra sobre responsabilidades entre a Prefeitura e o governo estadual, Nós, comerciantes, já enviamos propostas de protocolo para receber os turistas. Mas atée agora não tivemos nenhum retorno e muito menos proposta de como será feita a fiscalização,” conta.  

Edição: Gabriel Carriconde