Paraná

CINEMA LATINO

Cineastas lançam “Águas Selvagens”, fruto de produção internacional

Filme é resultado de uma parceria entre profissionais argentinos e brasileiros

Curitiba (PR) |
Cartaz oficial do filme - Divulgação

Um ex-policial argentino que trabalha como investigador aceita um trabalho para solucionar um crime na triplíce fronteira. Em meio a uma série de problemas pessoais ele dá de cara com uma organização criminosa. O resultado é uma trama de assassinatos, prostituição e tráfico de menores que termina em uma perseguição contra o investigador. Essa é a trama de “Águas Selvagens”, cuja produção ficou a cargo do brasileiro Rubens Gennaro. 

O longa-metragem é fruto de uma parceria Brasil-Argentina entre a Romana Cooperativa Audiovisual de Buenos Aires, De la Tierra Produções de Missiones e a brasileira Laz Audiovisual, que Gennaro comanda com sua sócia, Virginia Moraes.

A direção é do argentino Roly Santos e quase a totalidade das gravações foi realizada também em solo paranaense, mais especificamente em Tijucas do Sul, na região metropolitana de Curitiba. 

O filme aborda, como pano de fundo, a questão do tráfico internacional de crianças. Um problema crescente mas que não encontra eco na sociedade equivalente à sua importância. Novamente o cinema serve como um importante instrumento para denúncias sociais. 

“Nos angustia muito sabermos do crescente problema e como sociedade não termos instrumentos eficientes para diminuir este índice alarmante. Na Argentina o estágio civilizatório é mais evoluído que o nosso. Há um eficaz controle de fronteira. Aqui no Brasil este também é um item da nossa atual caminhada rumo à barbárie. Realizamos este filme imaginando que este possa ser um instrumento de conscientização e mobilização social.  Gostaríamos de ajudar o melhor debate a respeito. Isso com as instituições que ainda funcionam e nos restam”, apontou o produtor Rubens Gennaro. 

Para ele, a parceria com os profissionais argentinos superou as expectativas e os “hermanos” e brasileiros entraram no mesmo ritmo e sintonia. “Os coprodutores argentinos são profissionais respeitados em seu país e a princípio tínhamos algumas desconfianças sobre nosso 'modus operandi'. No entanto, ao decorrer das semanas de pré-produção já nos sintonizávamos na mesma energia. Assim planejamos o filme em 5 semanas e o gravamos também em 5 semanas. Funcionamos bem, como um relógio suíço. Porém, realizado por argentinos e brasileiros”, brincou o produtor. 

Gennaro, que já produziu longas como Annita e Garibaldi, Canfundó e Oriundi com o ator Anthony Quinn, garante que os espectadores podem esperar um belo filme com uma “bela fotografia, ótimo elenco e paisagens similiares à nossa triplice fronteira”. Para o produtor, trata-se de um “um bom filme argentino, que no mercado internacional tem qualidade e aceitabilidade muito acima do cinema brasileiro. Com humildade estamos a prendendo a fazer cinema com 'los hermanos'”, aponta.

Sobre a fotografia, este foi um dos desafios do diretor Vini Gennaro. Transformar o clima frio julho e agosto em Tijucas do Sul no calor escaldante da tríplice fronteira. “As características climáticas, físicas e topográficas da fronteira são diferentes da nossa. Tivemos um trabalho em conjunto com a direção de arte e maquiagem para criar essa atmosfera e unidade visual. Montamos um grande quebra-cabeça, procuramos texturas, contrastes, cores, formas, linhas, que de alguma forma dialogavam com a fronteira. O Sol, a mata, a terra, as araucárias , as rochas na parede, a madeira, o suor dos personagens, a respiração, a maneira de iluminar e enquadrar. Todos esses elementos expressivos nortearam a fotografia do filme”, destaca.

Ainda segundo ele, o tratamento de câmeras foi realizado de forma a transmitir o estilo do filme as informações necessária, auxiliando a narrativa. “A ideia de se trabalhar com movimentos de câmeras suaves em uma temática pesada pode parecer contraditória e essa ideia me parece ótima. O filme é policial, sujo e escuro. Por que não contrapor essa sutileza nos movimentos?”, analisa o diretor de fotografia do filme. 

Estreia – A agenda internacional de lançamentos precisou ser alterada em virtude da pandemia de Covid-19. O setor artístico, sobretudo de artesvisuais, é um dos mais afetados pelo isolamento social imposto pelo Sars-CoV-2. “A pandemia é a maior tragédia econômica e social dos últimos séculos e todos estamos cientes. Porém, sobreviveremos como civilização e mantendo nossos sonhos e esperanças. Na Argentina já cumprimos todas orientações do Instituto Nacional de Cine y Artes Audivisuales com o lançamento e exibição em streaming por 10 dias por meio da plataforma Cine.Ar. No próximo ano o filme irá para as salas de cinemas argentinas”, destacou.

No Brasil a previsão de lançamento nas salas de cinema também é para 2021. “A organização está sob comando da distribuidora Imagens Filmes. A previsão é de lançamento no próximo ano. No entanto, tudo depende da liberação para o período pós-pandêmico. Por ser um filme em língua espanhola vamos atingir outros mercados internacionais, sejam eles hispânicos ou latinos. Certamente após esse período será distribuído em outras plataformas digitais”, projeta Rubens Gennaro. 

A equipe ainda conta com as atrizes Mayana Neiva, Leona cavalli e com os atores Roberto Birindelli, Daniel Valenzuella e Mario Paz. 

 

Edição: Pedro Carrano