Paraná

TORCIDAS ORGANIZADAS

Torcidas organizadas antifascistas: “Não era a hora de voltar o futebol”

Para o futuro, os torcedores apontam a sequência na mobilização

Curitiba (PR) |
Os torcedores antifascistas dos três clubes apontam que são inclusive contra a volta do calendário do futebol - Júlio César Carignano

Entre os segmentos da classe trabalhadora que enfrentaram o governo Bolsonaro nesses meses recentes, está o das torcidas antifascistas organizadas nos estados.

No Paraná, não é diferente e agrupamentos como CoxaComunas (Coritiba), Gralha Marx (Paraná) e Atleticanhotxs (Athletico Paranaense), entre outros, convocaram atos contra o autoritarismo e ataque contra as instituições próprio do governo Bolsonaro (sem partido).

É mais que isso. Em busca de driblar o senso comum de que não se debate política no meio futebolístico, os três agrupamentos apresentam levam pautas no interior das torcidas, caso da crítica à ausência de distanciamento social efetivo; a crítica à proposta do governo estadual de retomar as aulas; o combate ao racismo, a defesa da pauta do segmento LGBTQI+, além da política de solidariedade entre a classe trabalhadora.

Os torcedores antifascistas dos três clubes apontam que são inclusive contra a volta do calendário do futebol. “O motivo da volta é o dinheiro, pão e circo, o governo conta que, com o futebol, as pessoas vão deixar de criticá-lo. Achamos que não é a hora da volta ao futebol, estudos de cientistas estão buscando a vacina, para que nossa saúde não seja prejudicada”, declara Luiz Ricardo Simon, lutador de MMA e integrante do CoxaComunas, durante o programa Brasil de Fato Paraná Onze e Meia realizado hoje (3). Na ocasião, a crítica de convidados e participantes da transmissão foi a mercantilização e a elitização pela qual o esporte vem passando.

Os três entrevistados pelo Brasil de Fato Paraná reconhecem também que a ida às ruas respondeu à necessidade dos trabalhadores e à ausência de condições para o distanciamento social. Sabem que o tema é polêmico, entre ocupar ou não as ruas neste momento. “Queremos aproximar pessoas discontentes com o governo, quem não recebe auxílio (emergencial) digno, quem enxerga que a democracia está sendo atacada”, afirma o paranista Tiago Marcílio, do Gralha Marx.

Rompendo o preconceito com organização

Gladson Rafael, do Atleticanhotxs, aponta também que existe preconceito com as torcidas organizadas, retratadas muitas vezes como violentas por parte dos meios de comunicação empresariais. Porém, afirma que neste momento os torcedores estão se organizando e têm – a exemplo de movimentos populares como o MST -, a solidariedade como pauta principal. “A própria torcida organizada já é criminalizada por este tipo de comunicação. Então, de certa forma, o movimento sempre foi politizado. Porque já vem este arquétipo de violento, de bandido. Em São Paulo, na Zona Leste houve a doação de 2 toneladas de alimentos, para comunidades que estavam precisando muito, uma pauta que não chega aos meios de comunicação convencionais”, afirma.

Para o futuro, os torcedores apontam a sequência na mobilização, no envolvimento de mais torcedores e ações de solidariedade. “Não somos inimigos e nem tampouco adversários, no campo das ideias estamos na mesma trincheira e lutando por um mesmo ideal”, afirma Simon.

Edição: Pedro Carrano