Paraná

PANDEMIA

“A flexibilização das regras restritivas no Paraná é prematura”, diz especialista

Especialista da UFPR, afirma que flexibilização neste momento poderá trazer expansão dos casos de infecção no estado

Curitiba (PR) |
Para professor, apenas o distanciamento social e medidas rígidas de mitigação podem controlar a pandemia - Diagramação: Vanda Morais I Foto: Giorgia Prates

Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, o coordenador da Comissão de Enfrentamento e Combate à Covid-19 da Universidade Federal do Paraná, professor Emanuel Tempi, diz que a flexibilização neste momento poderá trazer expansão dos casos de infecção por coronavírus no Estado.

Brasil de Fato - Como o Paraná está no que se refere à curva de contágio do coronavírus neste momento?

Emanuel Tempi - Na minha visão, não houve uma redução da aceleração da Covid-19 no Paraná. Ainda não obtive as últimas previsões, mas a doença ainda se encontra crescendo exponencialmente. Mesmo que não ocorra expansão exponencial, não há sinais de regressão. O governador Ratinho Jr. resolveu não renovar a quarentena restritiva.

Brasil de Fato - Como o senhor vê essa decisão? Cerca de 15 dias atrás tínhamos uma clara expansão exponencial da doença, que justificava plenamente a restrição de atividades, provavelmente já muito tarde. O aumento do distanciamento social levou à redução da aceleração. Mas até o dia 8/7 modelos matemáticos implementados por professores da UFPR mostravam ainda expansão exponencial, embora menor.

Emanuel Tempi - As medidas foram então acertadas. Em minha opinião, olhando do lado epidemiológico, o afrouxamento agora é prematuro. Será bem possível que na semana que vem já vejamos uma aceleração da expansão porque há grande número de pessoas contaminadas e espalhando a doença.

Brasil de Fato - Qual seria um cenário ideal para a flexibilização?

Para reiniciar as atividades de forma segura é necessário bloquear a expansão exponencial consistentemente com pelo menos 2 ou 3 semanas com regressão, um número maior de pacientes saindo do hospital do que entrando, número de leitos de UTI e hospitalares disponíveis com ocupação máxima de 70% e testar a população pelo teste molecular exaustivamente para identificar oligossintomáticos e assintomáticos, colocá-los em quarentena e bloquear o contágio. Na situação atual, temos de implementar medidas de distanciamento social. É a única medida (não farmacológica) para conter a Covid-19.

Edição: Gabriel Carriconde