Paraná

COLUNA DE CONTOS

Roedores

Qual a continuidade dessa linha, até onde crescerá este novo animal sem nome?

Curitiba (PR) |
E não como pequenos roedores deixando a toca - Arte: Vanda Moraes

Como um animal abatido e sangrando sem qualquer palpitação, recebo o ar gelado e breve vento de serenidade em minha pele eriçada antes dos combates que devem se dar no dia seguinte. Mesmo parados, nunca sentimos o mundo tão em movimento, tão em degradação, no movimento rápido de uma casca de poncã se decompondo.

Como se num observatório abandonado na sala de um colégio, telescópio em ponto fixo mirando um universo de movimentos e constelações, conseguíssemos nos contentar sendo apenas a ponta seca de um compasso sem o traço correto.

Qual a continuidade dessa linha, até onde crescerá este novo animal sem nome? Onde deve desaguar o rio caudaloso que está nos revirando o peito?

Não deixaremos de postar interrogações, até o momento quando a volta de um mundo distraído nos permita sair às ruas como animais orgulhosos da manada, e não como pequenos roedores deixando a toca.

Edição: Gabriel Carriconde