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Chuvas não amenizam seca histórica no Paraná

Seca no Paraná é a pior registrada pelo Simepar no estado desde 1997

Curitiba (PR) |
De acordo com especialistas apenas com o retorno de chuvas volumosas na primavera, pode melhorar situação dos reservatórios - Foto: Divulgação I Diagramação: Vanda Morais

Mesmos com as tempestades do final de junho, o Paraná passa por um longo período de estiagem desde junho de 2019. Em 7 de maio, o governador decretou emergência hídrica no estado, permitindo o rodízio de abastecimento em várias cidades, inclusive na capital. Mas a previsão de volta à normalidade é apenas para setembro.

“Felizmente, tivemos algumas frentes frias que provocaram chuvas significativas em junho e que aliviaram um pouco a situação, todavia é importante ressaltar que não resolvem o problema como um todo”, analisa Pedro Augusto Breda Fontão, professor adjunto do Departamento de Geografia do Setor de Ciências da Terra da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Laboratório de Climatologia (Laboclima/UFPR). Na avaliação do professor, apenas “o retorno das chuvas volumosas irão resolver a situação por completo”.

A previsão do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) para este inverno, no entanto, é de pouca chuva e grandes oscilações de temperaturas em curtos intervalos de tempo. “As chuvas devem ficar abaixo ou dentro da média histórica, sem chance de recuperação do déficit hídrico observado desde o ano passado”, diz o meteorologista Marco Jusevicius, coordenador de Operação do Simepar. 

A atual estiagem no Paraná é a pior desde que o órgão começou a monitorar condições do tempo, em 1997. Fenômenos como uma seca tão prolongada são de difícil previsão, explica Fontão. No entanto, segundo o professor, a análise e observação de registros de dados pluviométricos podem ajudar a fazer um planejamento para situações como essa. “O grande problema das secas no Brasil é a falta de uma cultura de gestão de riscos, onde em geral [...] o planejamento para este fenômeno acaba não sendo o ideal e, quando aparece, é feita uma gestão de crise episódica, muitas vezes afetando a população em diversos setores”, explica Fontão.

O grande problema das secas no Brasil é a falta de uma cultura de gestão de riscos

Como fatores que podem influenciar períodos de seca estão o desmatamento e a degradação ambiental. “A destruição de florestas e áreas de nascentes de rios influenciam na absorção e na entrada de água num sistema de bacias hidrográficas, além de ter o potencial de influenciar na umidade do ar e nas precipitações em nível local”, aponta Fontão. A degradação ambiental, por sua vez, pode inviabilizar o aproveitamento das águas para o abastecimento urbano. “Em Curitiba ocorre uma situação paradoxal: está faltando água, ao mesmo tempo em que temos o Rio Iguaçu e seus principais afluentes inviabilizados devido à poluição”, conta o professor.
 

Edição: Gabriel Carriconde