Pernambuco

EDUCAÇÃO

Estudantes temem retorno precoce de aulas presenciais em instituições particulares

Enquanto universidades cogitam volta em 2021, particulares apontam retorno em agosto; Governo do Estado mantém proibição

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Com retorno previsto em cenário de incertezas, estudantes pensam em suspender o curso - Agência Brasil

Devido à pandemia de Covid-19, a maioria das atividades passou a ser feita à distância e, entre elas, estão as aulas. Desde 18 de março o Governo do Estaduo suspendeu as atividades presenciais em escolas, faculdades e universidades públicas e particulares de Pernambuco. Isto foi feito através do Decreto nº 48.810, que expirou ontem (30), quando o governador Paulo Câmara (PSB) manteve a prorrogação da proibição de aulas presenciais até 31 de julho.

Apesar de estar acontecendo uma reabertura gradual das atividades econômicas através do Plano de Convivência disponibilizado pelo Governo do Estado, o setor da educação não foi incluído no plano. Assim, não foi dada pelo governo uma previsão da retomada das suas atividades, mas estudantes de algumas Instituições de Ensino Superior (IES)  particulares informaram que as instituições já vem fazendo matrículas e estão divulgando que o retorno das atividades presenciais acontecerá no mês de agosto. Ainda em junho, os reitores das quatro universidades federais do estado afirmaram que volta às aulas nestas instituições só acontecerá em 2021.

O estudante de psicologia da Faculdade de Ciências Humanas (Esuda), Lucas Calaça, informou que a faculdade se pronunciou no dia 19 de junho que irá retomar as aulas presenciais em 03 de agosto de 2020, mas que aguarda a decisão do Governo do Estado e da Secretaria da Saúde. “Todos nós queremos voltar à normalidade, mas, para mim a normalidade é parar de morrer gente e não ir para o shopping ou faculdade”, afirmou o estudante. 

Entre os estudantes, alguns pensam em suspender o curso até que haja uma solução. Arthur Lucas, estudante de gastronomia do Centro Universitário Brasileiro (Unibra), afirma que a faculdade também se posicionou sobre o retorno gradual das atividades acadêmicas presenciais no mês de agosto. “Se realmente as aulas presenciais voltarem em agosto, infelizmente vou ter que trancar o curso, pois em meio a esse cenário que estamos passando, não acho que seja possível retomarmos as aulas presenciais”. Também estudante da Esuda, Gabrielly Melo, que cursa psicologia, cogita trancar a faculdade no caso das aulas presenciais sejam retomadas no próximo semestre "eu não me sinto segura tendo que voltar pra faculdade, porque eu pego ônibus para ir e para voltar, o ônibus é lotado. Eu não tenho psicológico para voltar para a faculdade antes de ter uma vacina ou outra solução para isso", lamentou. 

Com mais de 58 mil casos de covid-19 no estado, os estudantes temem pela sua saúde e pela dos seus colegas “eu acho que a instituição não deve expor os seus alunos a um possível risco de contágio pelo vírus, já que é muito pouco provável que no início do próximo período o vírus já tenha acabado 100% e também levando em consideração de que a Unibra é uma universidade com uma grande quantidade de alunos e consequentemente a possibilidade de contágio é maior”, afirmou Arthur. “O cenário da pandemia não melhorou nem um pouco. Voltar presencial seria uma irresponsabilidade da faculdade, especialmente porque eles superlotam as salas nos primeiros períodos por conta das desistências. Na minha sala tem 68 alunos, se um chegar lá com Covid-19, todo mundo pega”, apontou uma estudante do curso de veterinária da Unibra que preferiu não se identificar.

Em nota, a União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) acredita que o retorno às aulas deve ser discutido com toda a comunidade acadêmica, de modo a priorizar a saúde dos estudantes, professores e funcionários “ O debate de retorno às aulas deverá levar em consideração todas as recomendações da OMS e do Comitê Científico do Nordeste, assim como o conhecimento das diversas realidades presentes no corpo discente da Instituições de Ensino Superior, que poderão ser enxergadas através de um trabalho em conjunto com o movimento estudantil. Acredita-se na importância do retorno às aulas, porém, as vidas precisam estar em primeiro lugar, não abriremos mão desse posicionamento.”

A nossa redação entrou em contato com as assessorias da Esuda e da Unibra, mas até a hora do fechamento da matéria as instituições não se posicionaram sobre o assunto. Em seu site, a Esuda informa que as aulas retomarão seu curso no dia 03 de agosto e afirmam o compromisso de ministrá-las pelo sistema integralmente presencial, a depender dos protocolos de segurança recomendados do governo estadual.

Edição: Vanessa Gonzaga