Paraná

PANDEMIA

Para professor, isolamento social ainda é a melhor medida contra pandemia

Professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Emanuel Maltempi de Souza, analisa a situação no estado

Curitiba (PR) |
Emanuel Maltempi de Souza, é professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular e presidente da Comissão de Enfrentamento e Prevenção ao Covid-19 da UFPR - Foto: Divulgação I Diagramação: Vanda Morais

Na semana em que houve aumento do número de pessoas contaminadas por coronavírus no Paraná, de 50 casos diários para 300, ocorreu também a reabertura de shoppings, academias e igrejas. Medidas que são o contrário do que foi feito em países que tiveram êxito na contenção do vírus. Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, o presidente da Comissão de Enfrentamento e Prevenção ao Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Emanuel Maltempi de Souza, analisa a situação.

Brasil de Fato – Qual é a situação da disseminação do Covid-19 no Paraná?

Emanuel Maltempi – Temos mais de 7 mil casos e 250 mortes confirmadas. Quando analisamos o crescimento dela nas últimas semanas, chegamos a um valor de 1,44 de reprodução da doença. Quando passamos de 1, significa crescimento exponencial. O número de doentes está dobrando a cada 12 dias. Como o tempo de hospitalização é de 2 a 3 semanas, o sistema chegará rapidamente à ocupação total. Saímos de 35% dos leitos ocupados em Curitiba para o atual 60%. Do ponto de vista epidemiológico,o vírus tem um potencial devastador, pois afeta os sistemas de saúde e não temos leitos para tanta demanda.

BDF - Com a reabertura de shoppings, academias
e igrejas, o que pode acontecer?

Emanuel Maltempi – É bem provável que, daqui 7 a 10 dias, a reprodução da doença seja ainda maior, considerando o cálculo acima e a flexibilização do isolamento. Realmente, neste momento de crescimento exponencial, não seria recomendada a flexibilização. Até hoje, a melhor medida é a rigidez no isolamento social. Há doentes que não manifestam os sintomas, mas que podem disseminar o vírus. A melhor resposta é diminuir o contato entre pessoas, é isso que vai diminuir a taxa de transmissibilidade.

BDF - O que seria recomendado fazer no Paraná que não foi feito?

Emanuel Maltempi - O afrouxamento das medidas de distanciamento foi precipitado. Isso só deveria acontecer quando a taxa de contágio estivesse abaixo de 1. Mesmo assim, é preciso manter o controle da situação a partir de testes, examinando todos com sintomas e as pessoas que entraram em contato com os doentes. É preciso fazer a testagem em massa, o que não está sendo feito.

Edição: Gabriel Carriconde