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MOVIMENTO

Nasce a União de Moradores no Bolsão Formosa, em Curitiba (PR)

Experiências de solidariedade e organização popular torna-se urgente com a crise econômica

Curitiba (PR) |

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Moradores da região sul de Curitiba (PR) vem organizando uma associações de moradores e fortalecendo a organização popular - Foto: Giorgia Prates I Diagramação: Vanda Morais

As ações de solidariedade e organização popular se fortalecem na região sul de Curitiba, no chamado Bolsão Formosa, área urbana de ocupação, que reúne comunidades que lutam por regularização fundiária, asfalto, política de assistência social, trabalho e renda, entre outros problemas, há trinta anos, desde que ocorreu a primeira de uma série de ocupações urbanas que, já naquela época, recebiam combate do atual prefeito Rafael Greca (DEM).

Agora, diante da crise econômica, política e sanitária que o país atravessa, associações de moradores, que ficam praticamente na mesma área, dividida em vilas que se conhecem, mas nem sempre dialogavam, resolveram organizar em conjunto solidariedade, denúncias de problemas e lutas pelas principais bandeiras, entre as quais a moradia e a escritura dos terrenos. Em maio, com uso de máscaras, prevenção e distanciamento, houve reunião de dois representantes de quatro associações de moradores.

O encontro contou com a participação das associações de moradores Ferrovila, Formosa, Vila Leão, Uberlândia, além do Clube de Mães da Ferrovila. Desde então, somou-se à experiência chamada inicialmente de “União de Moradores” a associação Canaã. De forma urgente, foram definidas formas de revezamento de ações de solidariedade, cada quarta-feira na sede de uma associação, contando com a força da população local e o convite a todas as pessoas da região.

A experiência não é nova e já houve outras iniciativas de unificação. Na avaliação das lideranças, porém, o momento é propício para a unidade. 

(Confira frases abaixo)

“Estamos arrecadando doações. Mas o que vale é o diálogo, a amizade, sentarmos e escutarmos os problemas que temos, juntos fazemos a força, sozinhos nós não fazemos nada, essa é a importância da União dos Moradores”, reflete Claudete da Silva, presidenta da Associação de Moradores da Vila Leão.

“Só vem a ajudar na verdade, pois não tem mais diferenciação de território, todos podem ajudar todo mundo, só tem a contribuir, ainda mais neste momento, um pontapé inicial, neste ponto conseguimos articular bem melhor do que cada um por si”, afirma Fabricio Rodrigues, da associação dos moradores e amigos das Vilas Maria e Uberlândia.

“Com o descaso do governo federal, no Bolsão Formosa está acontecendo um trabalho de solidariedade importante, com apoio da Campanha Periferia Viva e do MST. Vale destacar o entrosamento que vai acontecendo entre os moradores”, afirma Ivan Carlos Pinheiro, presidente da Associação Ferrovila.

“Tem várias vilas dentro do Bolsão Formosa. Nossos interesses são os mesmos. Regularização fundiária, moradores desempregados, não temos ajuda dos governos, em vez de uma reunião em uma vila, fazemos agora com todos. Saímos do ‘eu, eu, eu’ e vamos unir!”, afirma Odila Raizel, presidenta da Associação de Moradores da Vila Formosa.

“No começo das ocupações (1990), víamos que os presidentes eram bem unidos, o que fortalecia e deixava mais seguro. Havia um sentimento de alegria e facilidade de falar com as autoridades. Com o passar dos anos, cada um lutou no seu território, e daí perdemos essa força boa de lutar pela comunidade. Sinto que o clima agora é bom para a unidade”, diz Vanda Lemos, presidenta da Associação Canaã.

 

Edição: Lucas Botelho e Gabriel Carriconde