Paraná

LUTA NAS RUAS

Junho de 2020: Esquerda retoma as ruas com manifestações potentes

"É uma mudança de qualidade no enfrentamento para além da limitada ação institucional-parlamentar"

Curitiba (PR) |
“Recua fascista, recua, que o poder popular tá na rua” - Giorgia Prates

Domingo, 7 de junho: A esquerda retoma as ruas do país com manifestações potentes pela democracia, contra o fascismo, o racismo e pelo Fora Bolsonaro. Um dia vitorioso para quem apostou na mobilização popular. Uma palavra de ordem gritada na manifestação de Belo Horizonte sintetiza a potência dos atos deste domingo: “Recua fascista, recua, que o poder popular tá na rua”.

Foi uma boa largada em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro. Manifestações que indicam a disposição de luta e acumularam forças para as próximas jornadas.

Durante a semana o governo Bolsonaro desatou uma forte ofensiva contra as manifestações programadas para este domingo, criminalizando e ameaçando os organizadores. O presidente atacou o movimento como “terrorista”, um deputado bolsonarista de São Paulo chegou a publicar um dossiê de mil páginas com fotos e endereços de militantes e ativistas.

Ao mesmo tempo, um debate acesso tomou conta da esquerda sobre a realização das manifestações. Até uma infeliz nota foi veiculada por partidos progressistas no Senado (incluindo o PT) fazendo um apelo para que as pessoas não participassem das manifestações convocadas. Havia hesitação nos dois principais partidos de esquerda: PT, dividido, e no PSOL. O PCdoB preferiu fazer uma live com Fernando Henrique Cardoso no sábado.

Além disso, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) manteve a posição de convocar somente um calendário virtual de mobilização pelas redes sociais.

A realização dos atos foi, portanto, um tento importante dos setores da esquerda que apostaram no impulso iniciado pelo movimento das torcidas organizadas antifascistas. Um acerto que anima a militância popular e de esquerda, sinalizando para uma retomada organizada e combativa das ruas.

No plano político mais geral aponta para o necessário e indispensável protagonismo das forças de esquerda na construção de uma saída democrática para a crise do governo Bolsonaro – e de seu modelo neoliberal e autoritário – , rompendo com propostas enganosas e desmobilizadoras como o da suposta “Frente Ampla” com Fernando Henrique, Ciro Gomes, Rodrigo Maia, Luciano Huck e dissidentes do bolsonarismo.

A lição dos atos de domingo explicita, mais uma vez, que o combate ao fascismo e pelo Fora Bolsonaro será resolvido, principalmente, na frente de batalha das ruas, com a mobilização organizada da população trabalhadora e pobre. É uma mudança de qualidade no enfrentamento para além da limitada ação institucional-parlamentar e das articulações políticas “por cima de frentes” sem rosto e conteúdo.

*Ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’.

 

 

 

 

*A coluna de opinião publicada no Brasil de Fato Paraná é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a posição editorial do jornal.

Edição: Pedro Carrano