Rio Grande do Sul

PANDEMIA

Estudantes debatem as ações de solidariedade no enfrentamento à covid-19

Juventude lança a campanha Tsunami da Solidariedade em alusão ao tsunami da educação de 2019

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Estudantes participam de live promovida pela Rede Soberania e Brasil de Fato RS na noite desta quinta-feira (4) - Divulgação

Em alusão aos protestos de estudantes, professores e servidores técnico-administrativos no ano de 2019, conhecido como Tsunami da Educação, jovens de diversos movimentos organizam, agora, o Tsunami da Solidariedade. 

Durante live promovida pela Rede Soberania e Brasil de Fato RS na noite desta quinta-feira (4), a campanha foi tema de debate pelos estudantes Lucas Gertz, do Levante Popular da Juventude, Gerusa Pena, da União da Juventude Socialista, Vinicius Splenger, do Movimento Kizomba, João Vicente Godoy, da organização Fora da Ordem, Eduarda Morales, do Rua, e Tirza Drumond, da União da Juventude Comunista.

Se em 2019, a grande onda de protestos foi uma resposta aos cortes na educação anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, com a atual campanha os estudantes estão preocupados em promover ações de solidariedade que garantam a vida da população e evitem o contágio pela covid-19. Em comum, os ‘tsunamis’ deixam nítido o responsável pelo descaso com a Educação e a Saúde.

“Passamos por uma convergência de crises - política, econômica, social, ambiental e sanitária - que se traduz na retirada de direitos e na quebra do pacto democrático. Inicia com Temer e o golpe à presidente Dilma Roussef, que volta a aplicar medidas neoliberais, e com Bolsonaro se intensifica com medidas neofascistas”, afirma Lucas Gertz.

Ao longo de quase duas horas de diálogo com mediação de Mateus Além, os estudantes foram enfáticos ao afirmar que as ações de solidariedade são importantes para ajudar quem mais precisa, contudo outras medidas são necessárias. É o que lembra Gerusa Pena, quando enfatiza que “a renda emergencial de R$ 600 foi uma importante vitória dos trabalhadores, ainda que não seja suficiente”. Já João Vicente vê a necessidade da renda emergencial se tornar renda básica com o fim da pandemia. “Bolsonaro está nos matando sem precisar criar campo de concentração. Se não tivermos renda básica pós-pandemia o cenário vai ser ainda mais avassalador”.

Para Tirza, a pandemia agrava ainda mais a crise econômica iniciada em 2008 e atinge profundamente a juventude. “O capitalismo não tem nenhuma vergonha em sacrificar a juventude, em especial a juventude negra. Temos a necessidade de fazer uma luta anticapitalista e de pensar uma renda para a juventude, que está em postos precarizados, sem condições mínimas de trabalho”.


O Tsunami da Solidariedade, campanha iniciada pela União Nacional dos Estudantes, tem ocorrido em todo o território nacional com ações simples, como a distribuição de máscaras / Divulgação

Solidariedade

Desde a chegada da pandemia no Brasil, inúmeras são as ações de solidariedade para sanar os problemas de fome e atenuar o contágio pela covid-19. O movimento estudantil, tradicional nas lutas reivindicatórias e de enfrentamento aos governos, também se soma a esse esforço. O Tsunami da Solidariedade, campanha iniciada pela União Nacional dos Estudantes, tem ocorrido em todo o território nacional com ações simples, mas fundamentais em tempos de pandemia.

Para João Vicente, a entrega de máscaras à população pelos estudantes não pode ser confundida com caridade. “A distribuição de máscaras é um ato de solidariedade de classe, não é caridade. Isso contribui para termos qualidade de vida, para voltarmos o quanto antes a nossa vida normal, para conquistarmos o nosso emprego. Com o Bolsonaro não dá para esperar nada”.

Para Vinicius, a distribuição de máscaras é necessária, porque as condições do SUS hoje são precárias, “o SUS chega nesse momento com o financiamento dele muito baixo, não conseguimos manter os equipamentos de proteção individual nem para os profissionais da Saúde. A população busca atendimento num governo que destruiu o Sistema Único de Saúde”.

Lucas enfatiza que a vida da população é a principal preocupação, “precisamos manter o povo protegido e, se necessário, precisamos pensar como nos mobilizamos nas ruas e nas redes. Os atos das torcidas, que acompanhamos no último final de semana, são legítimos, e não podem sofrer repressão policial”.

A campanha prevê que cada vez mais estudantes sintam-se motivados a participar, como coloca Gerusa Pena, “a frente de juventude que estamos construindo promove ações de solidariedade para envolver o povo e a juventude numa luta que é diária”. Até o presente momento, os estudantes já distribuíram mais de mil máscaras no centro de Porto Alegre. A meta é levar ações para os bairros periféricos da cidade.
 

Edição: Katia Marko