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SAÚDE

Brincando de roleta-russa

Prefeituras reabrem shoppings quando casos de Covid-19 batem recordes no Paraná

Curitiba (PR) |
Reabertura do comércio já levou a aumento de casos em Curitiba - Giorgia Prates

Entre o final de abril e o início de maio, o Paraná tinha de 40 a 50 novos casos de coronavírus por dia. Na última semana chegou a 200, o maior número desde o início da pandemia. E foi neste momento que prefeituras como a de Curitiba autorizaram a reabertura de shoppings. O que pode piorar ainda mais a situação. Países como Alemanha e Nova Zelândia seguiram protocolos rígidos e declararam isolamento obrigatório, com fechamento do comércio. Reabertura só quando os casos diminuíram. No Brasil e no Paraná, foi o contrário, vem no momento em que os números não param de crescer. Ao todo, o estado tem 5.163 casos confirmados da Covid-19 e 199 mortes causadas pela doença.

Para a professora de epidemiologia da Universidade federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do Hospital do Trabalhador, Maria Esther Graf, “o correto é estudar as experiências exitosas de países que já passaram por isso, como a Alemanha.” Para ela, a reabertura deve vir acompanhada da análise do sistema de saúde. “Precisamos entender a abertura gradual de acordo com a ocupação de leitos”, explica.

Já o coordenador da Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do coronavírus da UFPR, Emanuel Maltempi, considera que o aumento de casos diários pode vir a colapsar o sistema de saúde. “Temos um valor de 1,44 de reprodução da doença. Quando passamos de 1, significa crescimento exponencial. O número de doentes está dobrando a cada 12 dias. Como o tempo de hospitalização é de 2 a 3 semanas, o sistema chegará rapidamente à ocupação total”, diz. Para ele,“com a reabertura de shoppings é bem provável que, daqui 7 a 10 dias, a reprodução da doença seja ainda maior.”

O número de doentes está dobrando a cada 12 dias. Como o tempo de hospitalização é de 2 a 3 semanas, o sistema chegará rapidamente à ocupação total

O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, reconheceu, em audiência na Assembleia Legislativa,que o aumento de casos se deu devido à diminuição do isolamento social. “Houve, de forma restrita, a flexibilização da abertura do comércio. O distanciamento e o isolamento também caíram e o fluxo de pessoas cresceu, fazendo com que o vírus circulasse mais”, disse. Segundo o secretário, daqui duas ou três semanas serão analisadas as novas medidas de flexibilização para saber como proceder.
 

Edição: Gabriel Carriconde