Solidariedade

Campanha nacional do MST já doou 1.200 toneladas de alimentos durante pandemia

Além das doações de cestas, o MST já distribuiu 50 mil marmitas solidárias por meio dos armazéns do campo

Brasil de Fato | Belém (PA) |

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"É preciso que a gente diga que quem produz os alimentos que chegam na nossa mesa não é o agronegócio", argumenta a militante do MST Simone Magalhães - Ascom/SDR

A pandemia do novo coronavírus afetou toda a sociedade, mas sobretudo as pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), junto a outros movimentos sociais, conta com uma campanha nacional de doação de alimentos a fim de reduzir o impacto da crise econômica que se acentua no país. Só em abril, foram doadas 500 toneladas de alimentos. Do início da pandemia até o momento, as doações já somam mais de 1.200 toneladas.

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A ideia tanto da comercialização quanto da venda veio como forma de minimizar os danos causados pela pandemia, uma vez que a população do campo se viu com dificuldades de escoar a sua produção e, por outro lado, grupos sociais em vulnerabilidade estão sujeitos à fome.

Jane Cabral, da direção nacional do MST no Pará, explica que essa preocupação parte do princípio de que a organização popular é a melhor forma de combater as desigualdades do sistema capitalista.

"Nós sabemos que precisamos fazer a nossa parte nessa luta contra o sistema capitalista. Por isso, organizamos desde o início da pandemia uma campanha de solidariedade, com alimentos dos assentamentos, inclusive dos acampamentos também. Depois fomos nos organizando com outros movimentos sociais e construindo o Periferia Viva, que é a organização do MST com outros movimentos sociais para chegar até a periferia", relatou.

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Frentes solidárias

A diretora regional explica ainda que, além da Frente Povo Sem Medo e da Frente Brasil Popular, existe outra entidade chamada Vamos Precisar de Todo Mundo, que fortalece a ideia de que é por meio da solidariedade que se pode ajudar a trabalhadora e o trabalhador brasileiro. 

A doação de alimentos é apenas uma das formas de ajuda do movimento. Todas as iniciativas levam em conta que o principal é salvar vidas.

"Nós precisamos do povo vivo e nós precisamos do povo vivo para que ele possa lutar e se organizar contra as injustiças. É por isso que, além da solidariedade, nós estamos travando uma batalha de ideias contra o capital e outra também é dizer para o povo que a reforma agrária pode dar certo, de que sim, existe campo neste Brasil para que a gente possa ocupar e fazer com que as pessoas possam produzir com dignidade", defendeu. 

Armazém do Campo

Além das doações de cestas, há também as marmitas solidárias em locais do Brasil onde está consolidado o Armazém do Campo: São Paulo; Rio de Janeiro; Recife; Pernambuco; e São Luís do Maranhão. 

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"Até agora, nós já temos 50 mil marmitas solidárias doadas por esses armazéns do campo, que abrangem mais as pessoas que moram nas ruas, as pessoas que saem para trabalhar sem o café da manhã sequer, porque precisam decidir entre comer e pagar a passagem para chegar ao trabalho. Então, a marmita solidária vem pra colaborar neste sentido", considera. 

O MST, junto a outros movimentos populares, também organiza as doações de sangue e de livros, por meio da Expressão Popular. Contudo, a quantidade de comida agroecológica doada já ultrapassou uma tonelada.

"Só no mês de abril foram doadas 500 toneladas de alimentos e do início da pandemia até aqui foram doadas mais de 1.200 toneladas, além de todas as outras iniciativas de solidariedade. É claro que isso não veremos nos grandes meios. O que a gente vai ver nos grandes meios é a solidariedade S/A que a gente questiona a solidariedade porque se tu exploras o povo e os recursos naturais daquele povo, isso não pode ser chamado de solidariedade", finaliza.

Edição: Camila Maciel