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Agroecologia antes, durante e depois da pandemia

Organização da América Latina e do Caribe marca posicionamento político contra modelo industrial de agricultura

Curitiba (PR) |
"Economia social e solidária para enfrentar a crise econômica capitalista", defende o Movimento Agroecológico da América Latina e do Caribe - Arquivo CAPA

O Movimento Agroecológico da América Latina e do Caribe (MAELA), em comunicado divulgado nesta semana, avalia o cenário político frente à crise econômica e à pandemia, e reafirma que a Agroecologia é o caminho para garantir a soberania alimentar e preservar a vida em todas as suas dimensões.

O comunicado foi lançado em espanhol e português pelas organizações que compõem o MAELA, e está direcionado a lideranças políticas, e a todas as pessoas campesinas, indígenas, agricultoras familiares e consumidoras.

"Lançamos o documento com o objetivo de ser um instrumento de diálogo, a fim de reforçarmos a necessidade de políticas públicas que atendam comunidades indígenas e campesinas, que protejam seus direitos e estimulem a participação destas pessoas na construção de projetos em defesa da vida e da agroecologia", explica Jhony Luchmann, do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) e coordenador do MAELA no Cone Sul.

O Movimento reafirma a Agroecologia "como recriação de práticas ancestrais indígenas e campesinas de produção de alimentos saudáveis nos territórios, com uma dimensão holística social, econômica, cultural e política, que respeite o equilíbrio natural e garanta a soberania alimentar dos povos", conforme trecho do comunicado.

Segundo Alicia Alem, do movimento campesino da Argentina, a luta contra o poder hegemônico, cada vez mais concentrado, é também a luta contra a agricultura em escala industrial. "Fazemos isso a partir da resistência, das propostas e dos feitos concretos em nossos territórios. É uma luta desigual, mas nossa força emana da preservação da vida em todas as suas dimensões, e da defesa da biodiversidade", afirma.

Entre outros pontos, o MAELA defende a "economia social e solidária para enfrentar a crise econômica capitalista e garantir os mercados locais e de circuitos curtos de alimentos e o seu acesso pelas famílias mais vulneráveis".

Em defesa da vida e dos direitos

Os ataques à vida das pessoas e à preservação do meio ambiente, que acontece no Brasil, com o consentimento do governo federal, segundo Javier Souza, do movimento campesino da Colômbia, também ocorre por lá. Segundo ele, nesse momento de pandemia, o governo tem aproveitado para beneficiar a grande indústria.

"Foram retiradas tarifas tributárias sobre as importações de alguns alimentos básicos, colocando os camponeses em uma situação deplorável, em que não podemos competir com esses preços. As consultas nos territórios em que o governo deseja intervir na mineração são feitas online, quando a maioria das comunidades não tem acesso à Internet. Mas apesar da criminalização de nossas lideranças, continuamos levantando nossa voz, produzindo e cuidando do nosso território e da nossa cultura", afirma Javier.

O MAELA é formado por mais de 150 organizações campesinas, indígenas, da agricultura familiar, de consumidoras e consumidores, e outras instituições de ensino e pesquisa de toda América Latina e Caribe.

Edição: Lia Bianchini