Paraná

EDITORIAL PR 168

Enquanto Bolsonaro ataca a democracia, a população está morrendo

Há uma disputa neste momento entre o grupo autoritário de Bolsonaro no governo e os setores conservadores

Curitiba (PR) |
A disputa se acentua entre o governo neofascista de Bolsonaro e os setores conservadores - Marcos Correa

Entramos num período aterrorizante da História do país.

As mortes causadas por covid-19 passam a marca de 800 pessoas por dia e assistimos o aprofundamento da crise política e institucional causada pelo governo Bolsonaro. Em Brasília, uma série de episódios mostra o que o governo deseja para o país.

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ameaça outros poderes. Bolsonaro pressiona a Procuradoria Geral da República. No dia 27 (hoje), a PF executou 29 mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre Fake News. Um dia antes, o governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, adversário de Bolsonaro, foi alvo de apreensão por parte da PF, por denúncia de irregularidades em contratos. Um verdadeiro cabo de guerra!!

Na realidade, o que acontece é que há uma disputa neste momento entre o grupo autoritário de Bolsonaro no governo de um lado, e os setores conservadores tradicionais de outro (Globo, STF, Congresso, poder judiciário, governadores, entre outros), o que apenas resulta no aprofundamento da crise política, econômica e sanitária no país, sem interesse na melhoria de vida da população. Uma coisa, no entanto, é certa: é preciso defender a democracia contra as ações autoritárias e consideradas fascistas da parte de Bolsonaro. É preciso dar vazão ao “Fora Bolsonaro” das janelas e redes sociais. É preciso que trabalhadores e setores democráticos se coloquem em cena.

O ex-ministro Sérgio Moro se somou ao rol amplo de setores com problemas com o governo Bolsonaro, buscou denunciar a ingerência de Bolsonaro sobre a Polícia Federal, mas mostra-se uma figura decadente com denúncias e entrevistas sem força. Nesta semana, o ministro do STF, Roberto Barroso, ao assumir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responde ao governo em tom democrático que “é preciso armar o povo de educação e ciência”.

Bolsonaro, por sua vez, segue sua propaganda abertamente fascista nas redes sociais. As ações de hoje de busca e apreensão contra o círculo próximo a Bolsonaro pode acentuar o tom ainda mais autoritário e reativo do presidente.

Enquanto os setores militares, da direita tradicional e do judiciário expressam suas brigas, as pessoas continuam morrendo.

Só a organização popular, nacional e democrática pode superar estas disputas entre os setores mais conservadores da nossa sociedade.

Edição: Pedro Carrano