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Muito prazer, somos o MST!

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Para nós, alimentos saudáveis também são sinônimo de valores humanistas, solidários - Joka Madruga
O Censo Agropecuário de 2006 comprovou que 70% dos alimentos são produzidos pela agricultura familia

Há pouco mais de 36 anos, no oeste do Paraná, surgia um movimento camponês que traçaria um novo capítulo da questão agrária no Brasil. Tratava-se do MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que reunia famílias camponesas atingidas pela barragem de Itaipu, posseiras, meeiras, arrendatárias para fazer a luta pelo direito à terra e à reforma agrária de maneira organizada.

O direito à terra, pauta democrática, legítima e necessária, logo se legalizou, ao ser garantido a todos e todas as brasileiras pela Constituição Federal de 1988. Porém, alterar a estrutura de um país historicamente concentrador e construir um campo mais justo foi e segue sendo uma batalha permanente.

Na luta contra a hegemonia do “Agro”, a agricultura camponesa segue seu rumo histórico, de produzir alimentos e fazer com que ele chegue ao povo brasileiro. O Censo Agropecuário de 2006 comprovou que 70% dos alimentos são produzidos pela agricultura familiar. É fruto do trabalho camponês mais de 90% das hortaliças e da mandioca, 80% dos legumes, quase 90% do feijão e da carne, ainda que a maior parte da terra não esteja sob controle dessa categoria.

Neste mesmo sentido, a Reforma Agrária Popular é maneira como o MST expressa sua visão e proposta de vida, trazendo a produção de alimentos saudáveis para o povo brasileiro. Na síntese da palavra de ordem: “Lutar, construir Reforma Agrária Popular”, temos a afirmação dos pilares da luta, como forma de organizar o povo para conquistar direitos; da construção, como parte de um processo de transformações e acúmulo de forças e da Reforma Agrária Popular, como ferramenta da classe trabalhadora, e não somente de quem está no campo. Por isso, a produção de alimentos com fartura, qualidade, diversidade e a preços acessíveis é o grande desafio do MST.

Para nós, alimentos saudáveis também são sinônimo de valores humanistas, solidários. E assim, iniciamos neste abril, durante a pandemia da covid-19, uma ação continuada de doação de alimentos às populações vulneráveis em diversos municípios do estado e em todo o Brasil. Na semana do dia 17, quando se completou 24 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, distribuímos quase 50 toneladas de alimentos. Desde então, semana a semana estamos seguindo com ações, chegando nesta quinta-feira (21) a 98 toneladas. Solidariedade é compartilhar o que temos, e não o que nos sobra. Esse é o sentido da luta e da construção da Reforma Agrária Popular.

 

Edição: Pedro Carrano