Paraná

MARXISMO

Quem se responsabilizará pela tragédia vivida?

"As classes sociais não são um bloco uniforme. Têm divisões"

Londrina (PR) |
Nesse caso, Bolsonaro, Doria ou Moro – são representações de interesses de classes sociais - Carolina Antunes/ Fotos Públicas

De um lado, Bolsonaro diz que “a economia não pode parar, os pequenos vão quebrar”. De outro, Doria e Rodrigo Maia dizem que “estamos todo no mesmo barco”. Mas afinal, que interesses estão por trás desses posicionamentos?

Uma das lições apreendidas pelo cientista e revolucionário Karl Marx, nascido há 202 anos, é que as figuras que se expressam na cena política – nesse caso, Bolsonaro, Doria ou Moro – são representações de interesses de classes sociais. Essas representações são sustentadas pela classe dominante, composta por latifundiários, empresários, banqueiros e industriais. Mas as classes sociais não são um bloco uniforme. Têm divisões.

O isolamento social é, até agora no mundo, a única e melhor medida para controle da pandemia. E essa medida, que paralisa parte das economias, coloca partes dessa classe social em conflito. A medida, inevitável para a preservação da vida, apresenta diferentes impactos para as frações da classe dominante.

Empresas como Havan e Riachuelo, indústrias representadas pela FIESP e pequenas e médias construtoras, vêm seu lucro cair com o isolamento social e sustentam Bolsonaro e o neofascismo no governo. A sustentação das outras representações é dada pelos bancos, pelas empresas de telecomunicações e pela mídia tradicional – que vêm aumentando suas taxas de lucro e recebendo grandes montantes de dinheiro como ajuda do governo em decorrência da pandemia.

Embora se expressem de formas diferentes, as diversas frações da classe dominante têm, em comum, a defesa de seus interesses econômicos às custas do sofrimento dos trabalhadores. O projeto neoliberal aplicado desde 2016 pela classe dominante limitou os investimentos nos serviços públicos com a EC 95, flexibilizou as leis trabalhistas, nos empobreceu e nos deixou ainda mais vulneráveis à crise sanitária e econômica que nos atinge.

Edição: Pedro Carrano