Paraná

BUSÃO

Greca diz que aumentar frota de ônibus é desperdício, mas repassa milhões a empresa

Com redução da frota, ônibus e terminais ficam lotados e dificultam isolamento social

Curitiba (PR) |
Terminais lotados durante pandemia por conta da redução do número de ônibus pela prefeitura - Giorgia Prates

Todos os dias nas redes sociais do prefeito de Curitiba, Rafael Greca, há inúmeros curitibanos expressando preocupação quanto aos ônibus lotados, sem fiscalização em tempos de pandemia. Porém, as respostas do prefeito não têm agradado a quem espera uma política séria de proteção aos usuários do transporte coletivo.

Na terça, 28, uma internauta questionou o prefeito, no Facebook, sobre quando a frota voltaria ao normal, já que as linhas estão operando com número reduzido de ônibus e horário de sábado. “As pessoas voltaram a trabalhar e continua o horário de sábado. Não adianta nada dizer para evitar aglomerações se no coletivo acontece diariamente isso. O prefeito, que responde pessoalmente em suas redes sociais, disse que “só voltarão ao normal quando a cidade reabrir. Temos 200 mil passageiros para 240 mil lugares sentados. Não temos dinheiro para sustentar desperdício.” A resposta gerou protestos de outros internautas.

Porém, o que disse o prefeito entra em contradição com o projeto de lei que enviou à Câmara Municipal para socorrer empresários que exploram o serviço, sob a alegação de estarem com prejuízos em razão do Covid-19. O projeto enviado destina 200 milhões de reais para emergências, citando no texto apenas as empresas de transporte coletivo. O projeto foi aprovado pelos vereadores.

Em carta destinada aos vereadores de Curitiba, mais de 100 entidades e organizações sociais da cidade pediram que os vereadores reprovassem
o projeto por não ser uma emergência. “Mais grave que desviar dinheiro público com o seu voto é doar a meia dúzia de famílias milionárias, que há mais de 54 anos exploram, sem concorrência, o transporte coletivo. Esses empresários continuam explorando a população com a tarifa mais cara do Brasil.”


Prefeito responde seguidora sobre transporte coletivo na capital / Reprodução

Desde o início da pandemia, poucas mudanças ocorreram no sistema do transporte coletivo que garantissem minimamente a prevenção. Em resposta ao Brasil de Fato Paraná, a comunicação da URBS informou que “já foram muitas mudanças efetivadas, desde operações de limpeza com peróxido de hidrogênio, orientação de prevenção dos usuários e projeto de lei para garantir pagamento e emprego dos motoristas e cobradores.” Sobre a diminuição da frota e falta de fiscalização quanto às regras de distanciamento social, a empresa nada informou.

“O mais preocupante é que, com a redução de ônibus, fica mais gente aglomerada”, diz usuário do transporte coletivo. Ivan Carlos Pinheiro, morador da ocupação Ferrovila, usa o transporte três vezes por semana para tratamento médico. Ele relata que a situação é preocupante. “Apesar de eu observar que as pessoas têm usado máscara e álcool gel, por conta própria, a aglomeração continua,” relata.

Segundo ele, os alimentadores, que têm levado os passageiros até os terminais, estão com ocupação normal, ou seja, sem redução de número de pessoas esperado em tempos de pandemia. “Em função das empresas estarem reduzindo o número de veículos operando, fica sobrecarregado e reúne muita gente por viagem,” diz Ivan.

Edição: Gabriel Carriconde