Paraná

LITERATURA

Louva verbo

"A democracia é apenas utópica distração, cheia de palavras disfarçadas em urnas"

Curitiba (PR) |
Entre eleições e eloquentes promessas, voto nos sarcófagos suturados - Vanda de Moraes

A louva-verbo no embrião da linguagem. Um caramujo, um musaranho, muralha ruída na família tipográfica da soricomorpha. Qualquer escaramuça letrada. Um verso com escorbuto na mandíbula da mantis, em pose circense para o palco sem substantivos econômicos. Algumas luzes estratosféricas na laqueadura dos advérbios mais abjetos. Nenhuma objeção, nenhum adversário. Nem o marfim agonizando no lábio leporino da savana, nem a fisionomia apática das amebas. Dizem que a revolução é coloquial, para angariar resultados sociais eficientes. Não acredito. A democracia é apenas utópica distração, cheia de palavras disfarçadas em urnas. Entre eleições e eloquentes promessas, voto nos sarcófagos suturados.

 

Andréia Carvalho Gavita é fundadora do coletivo Marianas de autoras. 

Edição: Pedro Carrano