Paraná

DISPUTA NO PODER

Moro sai acusando Bolsonaro de crimes

Em programa do BDF, o professor Tarcis Prado Júnior lembra que Moro é a aposta dos grandes meios de comunicação

Curitiba |
Outra acusação feita de Moro a Bolsonaro é que não teria assinado a exoneração do chefe da Polícia Federal - Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Em seu pronunciamento de renúncia ao ministério da Justiça, nesta manhã, o ex-juiz Sérgio Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro de cometer crimes de responsabilidade ou mesmo crimes comuns. Entre eles tentar interferir nas investigações da Polícia Federal. “O presidente queria alguém que ele pudesse ligar, colher informações, relatório de inteligência. Seja o diretor, seja o superintendente. E, realmente, não é o papel da Polícia Federal se prestar a esse tipo de função”, disse Moro.

Em diálogo que teria tido como o presidente, Moro teria questionado se Bolsonaro queria ter interferência política nas nomeações de chefes da PF, e o presidente teria respondido que sim. Além disso, teria indicado que pretende trocar os superintendentes da PF no Rio de Janeiro em Pernambuco, sem nenhum motivo confessável. É bom lembrar que no Rio de Janeiro ocorrem investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e processos contra filhos do presidente.

Outra acusação feita de Moro a Bolsonaro é que não teria assinado a exoneração do chefe da Polícia Federal, que foi publicada no Diário Oficial com sua assinatura. E que também seria falso o pedido para sair do atual chefe da PF, Maurício Valeixo.

Possibilidade de impeachment

Em entrevista em programa ao vivo do Brasil de Fato Paraná na sexta-feira, 24, o professor de Direito da Universidade Federal do Paraná Ricardo Prestes Pazello, afirmou: “A dinâmica do processo de impeachment é mais política que jurídica, e isso foi constatado contra a ex-presidente Dilma, em 2016, mas motivos (jurídicos para o impeachment) não faltam, o que falta é um entendimento político e força social. É difícil aos setores progressistas se recusarem o ‘fora Bolsonaro’, mas este se dará por obra da direita, dos setores conversadores. Seria um arranjo da burguesia nacional.”

No mesmo programa, o professor Tarcis Prado Júnior, dos cursos de jornalismo e comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná, lembrou que pode ou não haver o impeachment, mas que a aposta dos grandes meios de comunicação e da direita brasileira é o próprio Sérgio Moro. “Ele foi quem conseguiu prender o Lula, depois de 40 anos que eles tentaram.” Para Tarcis, no caso da saída de Bolsonaro, o vice, Mourão, entraria apenas para “tapar buraco” e Moro viria com tudo na eleição de 2002. “O Moro tem muita chance, mesmo contra o Lula, porque a direita sabe manejar muito bem as redes sociais, a narrativa, o formato, enquanto a esquerda ainda está muito presa aos meios de comunicação tradicionais”, afirma.

Edição: Pedro Carrano