Paraná

Coluna

Ninguém Apaga Nossa Estrela

Imagem de perfil do Colunistaesd
Capa do LP Paulo César Pinheiro - 1980
Capa do LP Paulo César Pinheiro - 1980 - EMI - Odeon Brasil
O antipetismo seria uma "doença infantil" do anticomunismo

Foi determinado um conjunto de "serviços essenciais" que não podem parar durante a pandemia. Saúde, segurança, abastecimento, etc. Outro 'serviço essencial' para a sobrevivência de Bolsonaro e para o alento da imprensa liberal é o antipetismo. Esse não pode parar!

Em plena pandemia, o vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés deu parecer favorável a uma ação que pede o cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores. Não precisa de muito esforço pra compreender que esta perseguição tem mais de 100 anos e que é contra toda a esquerda. O antipetismo seria uma "doença infantil" do anticomunismo.

A simbologia fala por si só: a estrela não brilha apenas na bandeira petista, mas brilha também na boina do Che, nas Ushanka's soviéticas, nos cartazes maoístas, nas bandeiras do Vietnã, da República Popular da China, de Angola e de Moçambique. Portanto, a campanha #NinguémApagaNossaEstrela é uma campanha de todos nós! De todos aqueles que acreditam na solidariedade entre os povos, no punho dos trabalhadores, na justiça e na igualdade. Pensando nestas palavras, foi impossível deixar de lembrar da incrível canção do maior compositor brasileiro vivo. Ninguém conseguiu combinar tão perfeitamente este símbolo, a estrela, com um ideal de libertação popular genuinamente brasileiro. Paulo César Pinheiro o fez, junto do gigante Dori Caymmi, e parece que essa música nasceu hoje:

Por mais que haja dor e agonia
Por mais que haja treva sombria
Existe uma luz que é meu guia
Fincada no azul da amplidão
É o claro da estrela do dia
Sobre a terra da promissão.

Por mais que a canção faça alarde
Por mais que o cristão se acovarde
Existe uma chama que arde
E que não se apaga mais não
É o brilho da estrela da tarde
Na boina do meu capitão.

E a gente
Rebenta do peito a corrente
Com a ponta da lâmina ardente
Da estrela na palma da mão.

Por mais que a paixão não se afoite
Por mais que minh'alma se amoite
Existe um clarão que é um açoite
Mais forte e maior que a paixão
É o raio da estrela do noite
Cravada no meu coração.

E a gente
Já prepara o chão pra semente
Pra vinda da estrela cadente
Que vai florescer no sertão.

Igual toda lenda se encerra
Virá um cavaleiro de guerra
Cantando no alto da serra
Montado no seu alazão
Trazendo a estrela da terra
Sinal de uma nova estação

Clique aqui para ouvir a música: https://www.youtube.com/watch?v=LQ5uKcyYiIA

*CANÇÕES PARA A PANDEMIA: Esta é uma série de diálogos diários de Guilherme Daldin e Ricardo Prestes Pazello sobre música e conjuntura em tempos de pandemia, para resistir ao confinamento. Desde 17 de março, estamos trocando cartas virtuais no “Facebook” e divulgando nas redes sociais. A carta de hoje é de Guilherme Daldin, produtor audiovisual, formado em Cinema pela UNESPAR e mestrando em Comunicação e Política na UFPR.

Edição: Lucas Botelho