Paraná

Manifestações

Coluna | Observatório dos conflitos relata luta por trabalho digno e direitos

Confira o resumo dos principais protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana em janeiro e fevereiro

Curitiba |
Greve de trabalhadores da Fafen, em Araucária-PR - FUP _ Divulgação

O Observatório é composto por professores e pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Greve geral dos Petroleiros
Em 29 de janeiro, trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) distribuíram 1,5 mil quilos de feijão em manifestação contra o fechamento da fábrica em Araucária-PR, O ato foi promovida pelo Sindiquímica com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP). O feijão foi escolhido por necessitar de muitos fertilizantes nitrogenados, além de ser um importante componente na alimentação do povo brasileiro. Os trabalhadores se revezaram numa ocupação na entrada da fábrica.
Após tentativas de negociação com a Petrobras sem sucesso, os trabalhadores se reuniram e aprovaram o início de greve geral da categoria para o sábado, 1º de fevereiro, alegando que a empresa descumpriu cláusula do Acordo Coletivo referente à dispensa de trabalhadores. Unidades de 11 estados e 20 bases operacionais foram paralisadas – e ocorreram manifestações em frente a parques industriais, inclusive com a participação das famílias dos trabalhadores, representantes de outras categorias e lideranças de movimentos sociais, exigindo a suspensão das mil demissões na Fafen. Atos também foram registrados na Usina do Xisto (SIX, em São Mateus do Sul), no Terminai Transpetro de Paranaguá (Tepar), São Francisco do Sul (Tefran) e Guaramirim (Temirim). Em outras unidades de Santa Catarina, como no Edifício Administrativo de Joinville (Ediville) e Terminal de Biguaçu (Teguaçu), os petroleiros também se uniram à greve. 

Carnaval tem atividades de protesto e confrontos entre policiais e população
Desde janeiro, Curitiba comemorou o pré-Carnaval. Os coletivos que organizam as saídas aproveitaram o momento para se divertir e protestar. Ocuparam ruas do centro e dos bairros para mostrar resistência num momento em que a cultura é atacada. A “bloca” Ela Pode Ela Vai, por exemplo, é formada por mais de 60 mulheres, que trabalham em suas canções temáticas características das lutas feministas, como a descriminalização do aborto e o enfrentamento ao machismo. Alguns blocos curitibanos já completam décadas de história, como é o caso do Garibaldis e Sacis, que neste ano chegou a 21 anos. Em 2020, a prefeitura ofereceu apoio, estrutura e segurança no pré-Carnaval. Entretanto, os blocos alegam que ainda há muita burocracia, com exigências difíceis de serem cumpridas, como a amplificação de som, o que leva muitos coletivos desistirem do credenciamento.
Mas nos dias de Carnaval, de acordo com reportagem do jornal “Tribuna”, houve confrontos entre a população e a Guarda Municipal de Curitiba durante três dias no Largo da Ordem, centro da capital. Segundo o jornal, o confronto teria sido agravado na noite da segunda-feira (24), quando uma garrafa foi arremessada em direção a uma viatura policial. Os agentes teriam então feito o uso dos escudos para proteger-se, mas revidaram com balas de borracha e uso dos cassetetes para dispersar o público.


Trabalhadores param departamentos da Caixa e do BB em atos contra reestruturação
No dia 13 de fevereiro os prédios administrativos da Caixa, na Praça Carlos Gomes, e na Caixa Cultural. amanheceram fechados na capital. Os trabalhadores se mantiveram do lado de fora e estenderam faixas em defesa dos bancos públicos e contra a reestruturação. Após implantar regras sem dialogar com os sindicatos, a administração da Caixa, no governo Bolsonaro, se recusou a aceitar o pedido dos trabalhadores, de ter acesso a planilhas e dados sobre o programa de reestruturação. “Esse é só o início, a gente sabe que a privatização é a causa principal de tudo que está acontecendo de reestruturação, tanto na Caixa quanto no Banco do Brasil. Infelizmente, o que está posto é uma vontade muito grande dos administradores dos bancos e do governo federal em acabar efetivamente com essas duas empresas”, diz o presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec - CUT - PR), Junior Cesar Dias. 

Manifestação contra o Decreto 3808/2019
Manifestação em frente ao Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT) cobrou a derrubada do Decreto 3808/2019, que obriga servidores públicos sindicalizados a promoverem recadastramento em suas entidades. O prazo se encerraria no dia 10 de fevereiro, mas o governo estadual prorrogou por mais um mês o processo. “A prorrogação do prazo de 30 dias é uma evolução, mas insisto que precisamos evoluir mais. São 300 mil pessoas abrigadas neste decreto e o tempo é insuficiente”, alertou o procurador do Trabalho, Alberto Emiliano de Oliveira Neto. Por outro lado, entidades querem a revogação do decreto e cobram uma audiência com o governador do estado, Ratinho Junior (PSD). Diante do impasse, o MPT marcou audiência para ouvir depoimento de servidores e a Assembleia Legislativa do Paraná pode editar decreto legislativo revogando o recadastramento. Porém, o impasse foi mantido, uma vez que o governo do Estado insiste na tese de que o recadastramento é necessário para atender à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD ou LGPDP), prevista para entrar em vigor em 14 de agosto.

Ato dos servidores públicos da Previdência Social contra a contratação de reservistas das Forças Armadas
No dia 24 de janeiro, o Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Ação Social do Paraná (SindiPrevsp-PR) realizou ato em defesa dos aposentados em frente ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). O sindicato ainda é contra a nomeação de reservistas das Forças Armadas para atendimento nas agências de previdência social, sendo que a Federação Nacional de Sindicatos de Previdenciários (FENASPS) já alerta desde 2014 sobre a falta de profissionais para atendimento e concessão de benefícios.


Servidores Públicos da UFPR vão às ruas conversar com a população
A primeira atividade na agenda de mobilização nacional, antes da greve do dia 18 de março, levou servidores públicos da Universidade Federal do Paraná às ruas para dialogar com a população. Em panfletagem, manifestantes buscaram informar sobre os riscos da série de cortes e ataques que o governo pretende executar.
A mobilização aconteceu no final da tarde quarta-feira, dia 12 de fevereiro, na praça Santos Andrade. O principal ponto é mostrar como os projetos do governo afetam os servidores, que por sua vez afetam a população, já que os serviços são prestados a eles.
Essa e outras atividades foram propostas pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA) contra os cortes e ataques que a esfera pública vem sofrendo do atual governo.
Protesto contra trabalho informal
No final de janeiro ganhou destaque a disputa de motoristas de aplicativo pela regulamentação profissional. Em carreata em Curitiba e São José dos Pinhais em 27 de janeiro, 300 motoristas reclamaram da taxa cobrada pelo serviço de transporte individual nos municípios, a idade do veículo permitida para circulação e a criação de pontos permitidos de embarque e desembarque de passageiros. Apesar do prefeito de Curitiba, Rafael Greca, afirmar que os motoristas estão “sendo protegidos pela medida”, estes fazem parte das quase 40 milhões de pessoas que sofrem com a precarização do trabalho informal no Brasil e não possuem direitos trabalhistas assegurados.

2a Marcha Da Visibilidade Trans e Travesti do Paraná
Em 25 de janeiro ocorreu a 2ª Marcha Da Visibilidade Trans e Travesti do Paraná, realizada na Boca Maldita, em Curitiba. Os manifestantes denunciaram que as pessoas trans são deixadas à margem da sociedade. Durante a marcha, utilizando uma caixa de som, os manifestantes visavam provocar as pessoas com perguntas “Quantas professoras trans você já teve? Quantos colegas trans você tem no trabalho? Quantos dos seus amigos são pessoas trans?”. O Dia Nacional da Visibilidade Trans é comemorado em 29 de janeiro.

Atos de repúdio ao feminicídio e à violência contra as mulheres
Em 1 de fevereiro, em frente ao Teatro Guaíra, no centro de Curitiba, mulheres organizaram ato de repúdio ao feminicídio da bailarina Maria Glória Poltronieri, encontrada no dia 26 de janeiro em Mandaguari, com sinais de violência sexual e asfixia. O ato foi convocado via redes sociais, após grande indignação e comoção com o caso, e para relembrarem de todas as mulheres vitimadas por seu gênero.


Moradores reclamam de poluição causada por lavanderia de jeans
Diversas denúncias feitas por moradores do Cajuru chamaram atenção para uma lavanderia de jeans que está poluindo o ar das redondezas. Muitos relatam diversos casos de familiares doentes por conta da fumaça, fuligem e cheiro forte.
Moradores preferem manter portas e janelas fechadas pois nunca se sabe quando começa a queima e nem mesmo qual substância está sendo queimada. A empresa, segundo relatos, funciona até mesmo em feriados e fins de semana, por ser um bairro residencial muitos questionam a viabilidade dessa empresa ali.
A prefeitura alega que já visitou o local, houve autuações e retornos já foram marcados. Apesar disso, recomenda que denúncias continuem sendo feitas.

Edição: Frédi Vasconcelos