Paraná

FUTEBOL FEMININO

Coluna Elas por Ela - Temos o que comemorar?

Futebol de mulheres precisa de resiliência para continuar se fortalecendo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Equipe da Seleção de Futebol Feminino do EUA
Seleção mais vencedora do mundo, EUA também disputam igualdade salarial com homens - Divulgação

Março é mês de luta das mulheres e o 8 de março uma data combativa. E é fundamental trazer esse debate para o esporte e politizá-lo. A realidade global do futebol de mulheres é repleta de dificuldades e desigualdade. 

Estudo da FIFPro, entidade de organização de jogadores profissionais, de 2017, traz números preocupantes. Revelou que 47% das atletas não possuem contrato de trabalho, que 30% delas combinam sua carreira com outro emprego, que 90% talvez deixem o futebol precocemente, e que 50% não recebem pagamento — e entre as que recebem, 2/3 ganham menos de $ 600 mensais, numa média global. 

Isso para não entrar numa comparação mais detalhada com o futebol dos homens, porque aí a desigualdade fica ainda mais brutal. 

Basta lembrar da ação de #EqualPay da seleção feminina estadunidense, que há dois anos — também no 8M — entrou com um processo contra a federação dos EUA por discriminação de gênero e exigiu pagamentos igualitários. A iniciativa ganhou apoio declarado da seleção masculina. 

Iniciativas como essa mostram que avanços são possíveis e que estamos caminhando, o que deve ser celebrado. No Brasil, a conjuntura também teve melhorias. Ano passado, dos 52 times do Campeonato Brasileiro, apenas oito tinham 100% das suas atletas com registro profissional. Este ano o número vem crescendo e ganhou um time de peso, como o Corinthians, atual campeão da Libertadores e Paulista. 

Contudo, devemos lembrar que os avanços não são constantes nem automáticos e é sempre necessário lutar por eles e erguer bandeiras. O futebol de mulheres, como fala Silvana Goellner, existe pela resiliência. Então, se queremos um dia comemorar verdadeiramente, precisamos seguir resilientes. 

Edição: Lucas Botelho