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Mulheres lésbicas sofrem preconceito duplo

Ativista explica que lésbicas sofrem preconceito machista por serem mulheres e contrariarem a norma heterossexual

Curitiba |
Os diferentes tipos de violência vão da invisibilidade e violência psicológica até o assassinato - Paulo Pinto

Os anos passam, mas o conto da princesa continua: um exame de ultrassom define que uma mulher nascerá e, a partir daí, desenha-se para ela a necessidade de um casamento com um homem, da maternidade e de uma vida dedicada à família. No entanto, se ela deseja outra mulher, em vez de um homem, é transformada de princesa em bruxa da história e punida.

“É uma linha da vida que é traçada juntando sexo, gênero e sexualidade de uma forma complementar. Quem se desvia dessas questões acaba enfrentando vários tipos de violência dentro da família, na escola, na igreja”, explica Dayana Brunetto, integrante da Liga Brasileira de Lésbicas.

Os diferentes tipos de violência, ela complementa, vão da invisibilidade e violência psicológica até o assassinato e o chamado estupro corretivo, cometido sob a justificativa de “corrigir” a orientação sexual.

De acordo com o “Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil”, o número de mulheres lésbicas assassinadas aumenta a cada ano. De 2014 até 2017, foram 126 casos. No código penal brasileiro não existe tipificação para os homicídios direcionados especificamente às mulheres lésbicas, o que dificulta o registro e a contabilização de casos assim.

Brunetto explica que uma das pautas do movimento de mulheres lésbicas é justamente instituir o lesbocídio como um agravante dentro da lei do feminicídio. Para a ativista, “a gente é fruto de uma sociedade machista e preconceituosa”, em que “historicamente os corpos das mulheres são alvo”. Ser lésbica, dentro dessa sociedade, é sofrer um “duplo preconceito”. “A lesbofobia carrega o machismo, você sofre preconceito por ser mulher e sofre preconceito por ser lésbica”, afirma.

Edição: Frédi Vasconcelos