Esses dias, eu e um amigo, no bec bar ao lado da UFPR, encostados na parede, observando os “cogumelos" – apelido carinhoso que meu amigo deu ao pessoal alternativo.
De repente uma menina, cabelo colorido, meio alemã, meio cogumelo, parou na nossa frente, um sorriso cortava seu rosto de orelha a orelha, estendendo a mão como uma criança que pede doce ao pai:
- me vê 5!
- como assim, 5 o quê?
- 5 balas.
- aqui ninguém vende droga minha querida.
- desculpe, é que me disseram que vocês tavam vendendo.
- oloco, quem foi o bico sujo? Perguntou meu amigo.
- na verdade falaram que era duas pessoas encostadas numa parede, daí pensei que era vocês
- mas não é não, nem todo preto vende droga, moça.
E saiu ela, frenética e frustrada.
5 minutos depois, outra menina se aproximou, puxou uma conversa e chegou no mesmo assunto, se a gente sabia quem tinha ... 50 pessoas, no mínimo, e nós os sorteados.
- mano, se vier a terceira a gente vai embora.
- vamo vazar que o próximo enquadro não vai ser dos cogumelo, vai ser direto da polícia, daí vai azedar nosso rolê.
Não demorou muito para que viesse o terceiro, um irmão negro, sotaque estrangeiro, perguntou se a gente tinha um deizão de maconha. Respondemos que não, saímos.
Edição: Pedro Carrano