Ceará

Agroecologia

Organizações populares incentivam produção agroecológica na Serra do Inácio (PI)

A Serra do Inácio está localizada no município de Curral Novo-PI, distante cerca de 500Km da capital Teresina.

Brasil de Fato | Curral Novo (PI) |
Atualmente, as famílias beneficiadas estão produzindo alimentos frutos da implantação das tecnologias com capacidade de ampliação da renda familiar - Foto: Divulgação

A Cáritas Diocesana de Crato desenvolveu o longo do ano de 2019 o projeto “Tecnologias Sociais na Serra do Inácio-Curral Novo – PI”, que teve como objetivo principal auxiliar no desenvolvimento social e econômico através do incentivo a construção de tecnologias sociais de baixo custo, como cisternas de placas, banheiros redondos e quintais agroecológicos.

A Serra do Inácio está localizada no município de Curral Novo-PI, distante cerca de 500Km da capital Teresina. O território faz parte da mesorregião do sudeste piauiense que é dividido em 39 municípios. Curral Novo tem 4.870 habitantes em média de acordo com o Censo de 2010 (IBGE). A região ainda faz limite com Pernambuco, sendo assim uma vasta porção de terra explorada, principalmente, para a produção de energia eólica. 

O Piauí possui o maior complexo de produção de energia eólica da América Latina. Os ventos do estado são considerados por especialistas como bons e estáveis, propícios para a geração de energia eólica, produzindo 1638,10 megawatts pela força dos ventos.  São 98 enormes estruturas de captação de energia eólica erguidas em Curral Novo, que se tornou um dos maiores parques de geração de energia limpa da América Latina. Nesse contexto, a comunidade da Serra do Inácio convive com lado a lado com as turbinas de captação, em um território que apresenta deficiência hídrica, em um clima semiárido. 

Aqui, as famílias atendidas pelo projeto vivem, fazendo da agricultura familiar e da criação de animais de pequeno porte sua principal fonte de renda, acrescidas de benefícios sociais governamentais como o Bolsa Família. Ao todo são 26 famílias diretamente acompanhadas pelo projeto, somando 109 pessoas. Além de conviver com a falta de água, essas famílias têm dificuldades em ter acesso a serviços públicos essenciais, como saúde, saneamento básico, educação entre outros. 

Além de proporcionar às famílias ter acesso a água potável e de qualidade, as tecnologias sociais implantadas pelo projeto também permitiram o avanço nas técnicas de produção de alimentos por meio da agricultura, desenvolvendo a produção para o consumo das famílias e permitindo que houvesse a comercialização do excedente dos produtos. “Ave Maria, este projeto é bom demais... muda a vida da gente,” conta emocionada Manoela Rodrigues, moradora da Serra do Inácio e participante do Projeto. O projeto também realizou diversas formações e assistência técnica para que as famílias pudessem zelar pelas tecnologias aproveitando suas potencialidades ao máximo com conhecimento e uso responsável. Os temas das formações foram abrangentes, integrando áreas desenvolvimento solidário e sustentável, além de agroecologia e convivência com o semiárido. 

Atualmente, as famílias beneficiadas estão produzindo alimentos frutos da implantação das tecnologias com capacidade de ampliação da renda familiar através da comercialização da produção excedente. Periodicamente uma feira é organizada, reunindo produtoras e produtores para a venda de suas mercadorias. “A gente já tá comendo e todo dinheiro que pego é dentro de uma latinha pra quando chegar o dia da feira, comprar o açúcar e o café” diz Evaldo, agricultor e participante do projeto.

Edição: Monyse Ravena