Paraná

DEMISSÕES

Sem negociar, direção da Fafen envia carta de demissão a trabalhadores

Os trabalhadores deveriam ir ao Mabu Curitiba Business entregar os pertences

Araucária (PR) |
Os trabalhadores permaneceram mobilizados - Gibran Mendes

A direção da Fafen Fertilizantes, empresa componente do sistema Petrobras, enviou carta de demissão para 144 trabalhadores qualificados na área de produção de fertilizantes. De acordo com o documento, os trabalhadores deveriam ir ao Mabu Curitiba Business, no dia de hoje (14), simplesmente para entregar pertences da empresa, caso de celulares, por exemplo.

Os trabalhadores permaneceram mobilizados, acampados diante da unidade em Araucária, região metropolitana de Curitiba, e não fizeram caso do convite da empresa. Eles exigem negociações e saídas para 1000 trabalhadores, entre 600 terceirizados e 400 efetivos – todos ameaçados de demissão.

Pela manhã, na cidade de Araucária (PR), ocorreu ato de petroleiros e petroquímicos, no décimo quarto dia de greve nacional do setor, contra as demissões e pelo cumprimento dos Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) da categoria. Forte efetivo policial esteve presente na região.

Humanidade?

A proposta da empresa e do governo federal é fechar esta que é a principal produtora de ureia pecuária do país, arla e amônia ativa (insumos essenciais para a produção no campo e para componentes de motores), o que foi anunciado há um mês, no dia 14 de janeiro.

Roni Anderson Barbosa, petroleiro e diretor da CUT, critica a ausência de negociações por parte da empresa diante da situação trágica dos trabalhadores. "As maiores exportações são do agronegócio, que precisa de fertilizantes. E agora vamos gerar rendas e divisas em outros lugares do mundo? Teremos em Araucária mil famílias demitidas. Há trabalhadores em idade avançada, com filhos com leucemina, onde está a humanidade?", questiona.

Fabiano José Pinto, técnico de operação, funcionário da Fafen há 23 anos, ressalta o prejuízo ao município e à economia no geral. “Recebemos a triste notícia sobre o fechamento da unidade. Vai trazer prejuízo para a unidade e para o município. É incalculável o prejuízo financeiro e psicológico", lamenta.

“São mil funcionários que dependem da empresa em operação, os filhos estão sofrendo, estamos unidos em prol de reverter a situação”, afirma Marcia Pszpiura, esposa de Fabiano, presente no ato com a filha mais nova do casal.

Direito de greve 

Na parte da manhã, em Araucária, os sindicalistas denunciaram também tentativa de atacar o direito de greve e o diálogo com os trabalhadores durante a mudança de turno.

Anacélie Azevedo, diretora do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, comentou que a greve alcança 110 unidades de trabalho. De acordo com a Federação Única dos Petroleiros, a paralisação atinge 53 plataformas, 23 terminais, 23 outras unidades operacionais, 11 refinarias e 3 bases administrativas.

“É um dia triste, mas de luta e potência. A greve está numa crescente. Mais de 20 mil trabalhadores grevistas. Tivemos uma intervenção da polícia na Repar buscando impedir nosso direito de conversar com os trabalhadores. Mas é isso, a perspectiva é de luta. Precisamos aumentar o diálogo sobre a necessidade de redução dos preços dos combustíveis”, afirma.

Edição: Ana Carolina Caldas