Paraná

Antifascismo

Policiais antifascismo do PR querem debater segurança pública com a sociedade

Primeiro encontro do ano aconteceu nesta sexta, 07, em Curitiba

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Primeiro encontro
Movimento está realizando encontros em entidades e diretórios partidos para fortalecer articulação - Ana Caldas

"Queremos que a sociedade venha debater com a gente sobre a polícia, que a comunidade diga a polícia que eles esperam,"disse o coordenador do movimento de policiais antifascismo do Paraná, Martel Alexandre. Este é um dos objetivos do movimento no Paraná e, para isso, os  policiais tem realizado debates junto a entidades e partidos políticos. O primeiro encontro de 2020 aconteceu, nesta sexta 7,  no Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores. 

Martel enfatizou que é preciso fazer a autocrítica da polícia e se abrir ao debate com a sociedade." A polícia tem culpado a sociedade pela violência e defende como solução, mais violência. precisamos mostrar que existe outra via, outra polícia que combate o fascismo, que combate a solução pelo ódio. A população, hoje, tem medo da polícia", afirmou. O movimento defende, em seu manifesto nacional, "a construção de uma política de segurança pública democrática e pautada nos direitos humanos."

Pesquisa Datafolha de 2018 a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostra dados conflitantes sobre a visão da sociedade:  70% da população afirma que os agentes de segurança cometem excessos de violência no exercício da função e  64%  acreditam que os policiais são vítimas de criminosos. Segundo a pesquisa ainda, 53% da população também tem medo de ser vítima de violência da Polícia Civil e 59% teme ser agredida por policiais militares. Assim como os excessos na conduta, o medo de ser vítima dos agentes de segurança também sobe entre os jovens — 60% têm medo da Polícia Civil, e 67%, da Polícia Militar.


Policiais são trabalhadores

Também presente no encontro, a delegada Maria Nysa Moreira Nanni, afirmou a importância de se incluir neste debate a  defesa do policial como trabalhador e com direitos. "O policial, historicamente, não se vê como trabalhador. A ideologia conservadora foi afastando dele a percepção que ele não é trabalhador, que ele é o Estado e por isso que não tem os mesmos direitos que os de qualquer trabalhador. Isso é um dos abismos que o afasta da sociedade civil organizada, que o afasta de outros trabalhadores." O Manifesto dos Policiais Antifascismo do Brasil traz , entre as várias pautas e reivindicações, o reconhecimento de direitos à greve, de livre associação, de livre filiação partidária , bem como o fim das prisões administrativas.  

Fundadora do Coletivo Policiais pela Democracia do Paraná, a policial civil Jamile Souza, disse que é urgente acabar com o abismo que existe entre a polícia e a sociedade. "Desde a expectativa que a sociedade tem em relação a polícia. Não existe uma compreensão mesmo do que devem ser a forças de segurança para população," disse.

Jamile defendeu a realização de um Fórum Popular sobre segurança  publica para discutir e ampliar o debate para a sociedade sobre o que vem acontecendo com a policia. "Temos que deixar claro como os policias vem sendo tratados pelo Governo do Estado, as condições precarizadas de trabalho, o o numero de suicídios que s aumenta entre os policiais e que isso acaba respingando no dia a dia de trabalho com a comunidade."

Nos últimos anos o número de policiais mortos em confronto diminui, porém o número de mortes por suicídios aumentou. Dados do 13. Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam que, em 2018, 11 policiais se suicidaram e em 2017, foram oito mortes. Um crescimento de 37,5%. As taxas de suicídio por grupo de mil policiais são maiores no Estado do que no país. No Paraná, a taxa de suicídio é de 0,4 e a de mortes em confronto, de 0,2. Já no Brasil, a taxa de suicídio é de 0,2 e a de mortes em confronto, de 0,6.

Como resolução do encontro, o Movimento Policiais Antifascismo do Paraná irá realizar a continuidade de agendas e parcerias para ampliar o debate aberto e contínuo. Estiveram também presentes no ato a Vereadora Professora Josete, do PT e o ex deputado federal Dr Rosinha, do PT. 

Edição: Lucas Botelho