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Privatizações

Fechamento de subsidiária da Petrobras deixa mais de mil desempregados no Paraná

Governo federal anunciou desativação da Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR) alegando prejuízo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Petroleiros de diversas partes do Brasil protestaram contra a desativação da unidade subsidiária da Petrobras no Paraná
Petroleiros de diversas partes do Brasil protestaram contra a desativação da unidade subsidiária da Petrobras no Paraná - Foto: Divulgação/FUP

Petroleiros de diversas partes do Brasil protestaram contra a desativação da unidade subsidiária da Petrobras no Paraná, a Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR), no último dia 17. O anúncio do fechamento pela empresa e pelo governo federal veio junto à demissão coletiva de mil trabalhadores -- diretos e terceirizados. Esta decisão que aconteceu sem negociação com o sindicato.

Além do desemprego em massa, a medida impactará de forma negativa na geração de economia do município de Araucária e também do estado do Paraná. Segundo nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP), baseada nos cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), “o município de Araucária, onde está instalada a Ansa/Fafen-PR, vai sofrer impacto negativo de R$ 75 milhões anuais com a demissão dos trabalhadores e a perda de suas rendas. A perda se estende também aos cofres do governo do estado do Paraná, que pode deixar de recolher cerca de R$ 50 milhões em ICMS”.

Os 400 funcionários diretos recebem ao todo R$ 10 milhões, ficando 50% em Araucária, conforme informação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Estado do Paraná (Sindiquímica-PR).  

Gerson Castelhano, diretor de comunicação da FUP, informa que a decisão impactará negativamente na vida de três mil famílias. “Calculando trabalhadores diretos e terceirizados, são mil famílias impactadas, com o comércio local que são prestadores de serviço da empresa, podemos afirmar que são mais de três mil famílias sem renda por causa de uma decisão intempestiva de um governo que não está preocupado com a soberania nacional”, afirma.

A justificativa do Governo Federal em fechar a empresa é que ela estaria dando prejuízo desde 2013. Porém, em nota, o sindicato rebate: “É falsa essa alegação, já que quem faz o RASF (resíduo asfáltico utilizado para produzir Ureia e Amônia) é a Repar, refinaria da Petrobras localizada ao lado da subsidiária. Ou seja, quem produz e precifica é a própria empresa. Portanto, foi ela quem criou uma falsa inviabilidade para justificar sua política de desmonte do setor de fertilizantes no Brasil, favorecendo, assim, as multinacionais e criando empregos em outros países”, diz a nota.  

Para o país, o impacto também será negativo. Inaugurada em 1982, a Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR) tem capacidade de produção diária de 1.975 toneladas de ureia, 1.303 toneladas de amônia e 450 metros cúbicos de ARLA 32. A planta produz ainda 200 toneladas por dia de CO2, além de 75 toneladas de carbono peletizado e seis toneladas de enxofre. Com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome. Além disso, o país ficará dependente da importação de ARLA 32, reagente químico usado para reduzir a poluição ambiental produzida por veículos automotores pesados movidos à diesel.

Empresa descumpre acordo com trabalhadores

A decisão do fechamento e a demissão de todos os trabalhadores foi anunciada no dia 14 de janeiro, pegando de surpresa funcionários e familiares que, de acordo, com a empresa, serão demitidos no prazo de 30 a 90 dias. O sindicato enfatiza que a postura da Petrobras não só fere todo e qualquer princípio ético na relação negocial entre entidade de classe e empresa, como também descumpre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2019, documento referendado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e que proíbe demissão em massa sem prévia discussão com a entidade sindical. Nos próximos dias, o Sindicato tentará reverter a medida junto aos órgãos competentes, como o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Edição: Lia Bianchini