Paraná

Futebol masculino

Goleiro Bruno volta aos gramados

Condenado pelo assassinato de Eliza Samudio, jogou pelo Poços de Caldas no final de semana

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Durante a entrevista coletiva, Bruno se limitou a responder apenas perguntas sobre futebol e não falou sobre Eliza Samudio
Durante a entrevista coletiva, Bruno se limitou a responder apenas perguntas sobre futebol e não falou sobre Eliza Samudio - Reprodução

Condenado a 20 anos e nove meses de prisão pelo assassinato de Eliza Samudio, o goleiro Bruno fez a sua estreia com a camisa do Poços de Caldas FC no último final de semana, numa vitória por 2 a 0 sobre o Independente Juruaia, uma equipe amadora de Minas Gerais. A partida contou com a presença de pouco mais de 200 torcedores, que não ligaram para as manifestações contrárias à sua contratação pelo Vulcão e tietaram bastante o goleiro. Durante a entrevista coletiva, Bruno se limitou a responder apenas perguntas sobre futebol e não falou sobre Eliza Samudio nem sobre os crimes cometidos em 2010. 

O fato leva a perguntas como: que ídolos estamos escolhendo? Ou melhor: o que queremos de alguém quando o escolhemos para ser ídolo do nosso time? E quando passamos a achar "normal" alguém que foi condenado por homicídio triplamente qualificado ou por agressão doméstica e assédio sexual voltar para os holofotes como se nada tivesse acontecido? 

Bruno tem direito a exercer sua profissão. A questão aqui é que estamos falando de alguém que jamais demonstrou qualquer sinal de arrependimento dos crimes cometidos em 2010 e que sempre se colocou como "vítima". Será que outros presos não poderiam ganhar uma oportunidade? Por que Bruno e não outros? E outras? No meio disso tudo, existe a falsa ilusão de "estar abrindo portas para um condenado pela justiça de se reerguer" ao mesmo tempo em que muitos outros seguem estigmatizados e esquecidos. 

Edição: Lia Bianchini